Pessoas com mais de 50 anos têm maior probabilidade de danos renais com PrEP de TDF
Estudo conduzido por Douglas Dark, da Universidade de Sydney, na Austrália, divulgado, em setembro de 2021, na publicação on-line AIDS, indica que usuários da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV, baseada no fumarato de tenofovir desoproxila (TDF), com mais de 50 anos, apresentam probabilidade consideravelmente maior de desenvolver insuficiência renal.
O ensaio inscreveu, desde 2016, 6.808 pessoas elegíveis para tomar diariamente fumarato de tenofovir desoproxila mais emtricitabina (TDF/FTC) como prevenção ao HIV. A função renal dos participantes foi monitorada usando a taxa de filtração glomerular estimada (eTFG).Aqueles com um valor inferior a 60 ml/min, no ato da inscrição, foram excluídos. A função renal foi inicialmente medida a cada três meses e, posteriormente, a cada 180 dias. Os participantes em que aeTFG caiu para menos de 60 ml/min ou diminuiu mais de 25% ao longo do estudo foram classificados como portadores de insuficiência renal.
Noventa por cento dos participantes eram do sexo masculino, com idade média de 35 anos. Catorze por cento tinham mais de 50 anos. Uso de metanfetamina, droga usada como estimulante cerebral, uso anterior de PrEP e status de hepatite C foram monitorados. A adesão à PrEP foi medida pela quantidade de medicamento dispensada, tendo sido categorizada como baixa, média ou alta. Os que tiveram baixa adesão também foram retirados do estudo.
Os pesquisadores mediram os resultados de mil pessoas a cada ano. No geral, houve apenas 5,8 ocorrências de novo comprometimento renal por mil pessoas/ano, número considerado estatisticamente baixo. No entanto, os participantes com mais de 50 anos tiveram uma taxa de insuficiência renal de 30,2 por mil pessoas/ano, em comparação com apenas 0,8 em pessoas com menos de 40 anos. Esse aumento foi classificado como significativo.
De acordo com Dark, a análise não sugeriu que o uso de metanfetamina, anticorpos de hepatite C ou uso prévio de PrEP aumentassem a probabilidade de insuficiência renal. O autor explicou também que a PrEP 2+1+1 pode ser uma boa alternativa para a proteção dos rins, mas que ainda são necessárias novas evidências para confirmar essa hipótese.
Fonte: Revista AIDS, de 21 de setembro de 2021.