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A boa aceitação do autoteste de HIV com apoio digital

De acordo com a análise de vários estudos globais, o autoteste de HIV com apoio digital aumenta o acesso a essa tecnologia, envolve os testadores que fazem a sua primeira experiência e abrem caminho para um uso em maior escala. Esses são alguns dos resultados oriundos de trabalho conduzido por Madison McGuire, da Universidade McGill, do Canadá, e outros pesquisadores, publicado em EClinical Medicine/The Lancet, em 1 de setembro de 2021 – a análise se debruçou sobre 46 estudos publicados entre 2010 e 2021. Cerca de três quartos (72%) eram estudos observacionais e 28% ensaios clínicos randomizados.

Cerca de metade dos estudos apresentou autoteste de HIV com assistência pela web, usando sites, aconselhamento por vídeo e chatbots (aplicativos de conversas on-line). Um quarto desses estudos avaliou o uso de mídia social ou aplicativos de namoro/encontros para promover o autoteste de HIV ou fornecer kits. O restante (75%) avaliou o autoteste com apoio por mensagem de texto (SMS), aplicativos de autoteste e o uso de máquinas de venda automática para fornecimento de kits. A maioria dos estudos aconteceu na Ásia, América do Norte e Europa e se concentrou em homens que fazem sexo com homens. Apenas três estudos aconteceram na África e dois na América do Sul.

Entre 54% e 99% dos participantes dos estudos se mostraram dispostos a fazer o autoteste de HIV usando alguma forma de apoio digital. O autoteste de HIV apoiado por mídias sociais ou aplicativos de namoro/encontros teve a maior taxa de aprovação de todas as inovações digitais.

Um dos principais problemas com o uso do autoteste de HIV é a dúvida se as pessoas com um resultado positivo farão nova testagem em uma unidade de saúde para confirmar o resultado. A revisão de evidências encontrou uma ‘tendência promissora’. Alguns estudos descobriram que mais pessoas passaram a fazer um teste confirmatório e tratamento para HIV depois de fazer um autoteste com apoio digital, em comparação com aquelas que fizeram os testes de HIV off-line. Um grande número de pessoas com resultado negativo para o HIV em um autoteste também passou a usar outros serviços de prevenção do HIV, como a profilaxia pré-exposição (PrEP).

O autoteste de HIV com apoio via web se mostrou aceitável para uma faixa entre 77% e 97% dos participantes dos estudos. Três desses estudos, baseados na web, ofereceram uma escolha entre o autoteste on-line, uma opção híbrida (aconselhamento pré-teste on-line com teste baseado em clínica) ou aconselhamento e teste em uma clínica. A maioria preferiu a opção on-line. Entre 54% e 94% das pessoas que se autotestaram para HIV usando apoio por SMS devolveram seus kits, o que indica o uso.

As máquinas de venda automática digitais foram consideradas aceitáveis ​​para uma faixa que variou entre 54% e 93% das pessoas. A aceitação foi seis vezes maior em comparação com os testes de HIV distribuídos por agentes comunitários. Mas a localização das máquinas de venda automática se mostrou importante devido às preocupações com o estigma e a discriminação: participantes de um dos estudos expressaram preferência por máquinas em unidades de saúde, em vez de em locais públicos.

Apesar de ser um estudo rico em informações, faltam evidências sobre como diferentes grupos de pessoas com maior risco de HIV respondem ao autoteste de HIV com apoio digital. Também faltam dados de países de baixa e média renda com alta prevalência de HIV. Essa evidência é necessária para garantir que as inovações digitais alcancem aqueles que mais precisam delas.

Fonte: Avert,  9 de setembro de 2021

https://www.avert.org/news/verdict-digitally-supported-hiv-self-testing