PrEP: temas gerais

Dois medicamentos de PrEP estão disponíveis. A principal diferença está no preço

Em 2019, a Food and Drug Administration, dos EUA, aprovou um novo medicamento para a  profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV: o tenofovir alafenamida combinado com emtricitabina (TAF/FTC), como alternativa ao já conhecido tenofovir disoproxil fumarato combinado com emtricitabina (TDF/FTC). A nova opção é significativamente mais cara que a opção anterior, que atualmente é a única disponível no Brasil.

Um novo estudo, conduzido por pesquisadores da Harvard Medical School, do Harvard Pilgrim Health Care Institute e do The Fenway Institute, examinou as razões pelas quais os pacientes mudaram para o novo medicamento. O trabalho foi publicado de forma on-line, em 5 de agosto de 2021, como artigo no Open Forum Infectious Diseases.

Ambos os medicamentos de PrEP são altamente eficazes e seguros. O TDF/FTC foi associado a pequenas diminuições na função renal e densidade mineral óssea, já o TAF/FTC a ganho de peso menor e dislipidemia, doença que se caracteriza por anomalias nos níveis de lipídios no sangue, mas tais diferenças não se traduziram em eventos clínicos adversos. A maior diferença entre os medicamentos, no entanto, está no que se refere ao preço: o TDF/FTC genérico tornou-se disponível nos EUA em outubro de 2020 e agora custa US$ 30 dólares por mês, enquanto o TAF/FTC tem um custo de US$ 1.800/mês.

“Uma das barreiras mais críticas para o uso amplo e equitativo da PrEP nos EUA tem sido o custo. O TDF/FTC genérico pode revolucionar o acesso à profilaxia, mas essa oportunidade será perdida se os recursos forem investidos em um medicamento muito mais caro sem melhorias proporcionais nos resultados clínicos”, relatou Julia Marcus, do Health Care Institute.

Os pesquisadores extraíram dados de registros eletrônicos de saúde de 2.892 adultos designados no nascimento como sendo do sexo masculino, que receberam TDF/FTC no ano anterior à aprovação do TAF/FTC e tiveram pelo menos uma prescrição de PrEP no ano seguinte. Todos os pacientes foram examinados no Fenway Health, centro de saúde comunitário de Boston especializado no atendimento a minorias sexuais e de gênero.

A equipe avaliou quantos usuários de PrEP mudaram para o TAF/FTC e se os pacientes tinham indicação clínica para a troca. Os pesquisadores descobriram que 11,9% da população do estudo mudaram para TAF/FTC no primeiro ano depois de estar disponível. Com base em fatores de risco renal, ósseo e cardiovascular documentados, apenas 7% deles tinham indicação clínica para fazê-lo. Quando as indicações para a mudança também incluíam fatores de risco para o desenvolvimento de disfunção renal, como hipertensão e diabetes, o índice subiu para até 27%  em relação aos clinicamente indicados.

Os resultados apontam que somente uma minoria tinha indicação clínica para tomar TAF/FTC, embora alguns pacientes pareçam ter mudado de forma antecipada. “Os esforços para acabar com a epidemia do HIV podem ser ameaçados se forem utilizados medicamentos mais caros, quando existem opções comparativamente eficazes e mais baratas.Nosso estudo destaca a necessidade de garantir que as decisões sobre os medicamentos de PrEP sejam clinicamente sólidas e econômicas”, resumiu Kenneth Mayer, co-autor do estudo e professor da Escola de Medicina de Harvard.

Fonte: Medical Xpress de 5 de agosto de 2021

https://medicalxpress.com/news/2021-08-prep-medications-equally-safeeffective-biggest.html