PrEP, HSH e trans

Estudo holandês mostra o bom uso da PrEP 2+1+1 por homens gays e bissexuais

Uma análise do estudo holandês AmPrEP, de profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV,apontou que homens gays e bissexuais utilizam o esquema de PrEP sob demanda (2+1+1) de forma adequada e eficaz. Isso é importante porque um dos problemas com a profilaxia 2+1+1 é a dificuldade de medir a adesão a um medicamento preventivo projetado para ser tomado apenas quando a ocasião exigir.

O estudo AmPrEP começou em 2015 e a análise atual relata os primeiros 42 meses (3,5 anos) de 376 participantes, principalmente homens gays e bissexuais, além de duas mulheres trans. Os participantes puderam escolher entre fazer o esquema diário ou a PrEP 2+1+1.

Os pesquisadores analisaram se os participantes usaram o regime da forma indicada e mediram o uso da PrEP de três maneiras diferentes e as correlacionaram. No primeiro modo de avaliação, os participantes receberam um aplicativo de telefone para usar diariamente para registrar o uso da profilaxia, para documentar quando fizeram sexo anal sem preservativo e para dizer se foi com parceiro fixo, parceiro casual conhecido ou parceiro casual desconhecido.

No segundo modo, nas consultas trimestrais do estudo, os participantes receberam um questionário que pedia para relembrar se e com que frequência haviam usado a PrEP nos últimos três meses, se o sexo anal sem preservativos realmente aconteceu quando tomaram a PrEP e com quem. O objetivo era entender como a memória de longo prazo dos participantes se correlacionava com o registro diário. Já o terceiro modo procurou avaliar as amostras de sangue em papel filtro (DBS), coletadas três vezes durante o estudo: a primeira amostra três, seis ou nove, meses após o início, a segunda com 12 meses e a última com 24 meses. As amostras em DBS medem os níveis da droga dentro dos glóbulos vermelhos e não no plasma, indicando os níveis médios de tenofovir e, portanto, os comprimidos tomados nas seis semanas anteriores.

Dos 182 participantes que fizeram uso da PrEP 2+1+1 durante o estudo, 23% nunca usaram o aplicativo e foram excluídos da análise. De acordo com dados do aplicativo, todas as três doses indicadas do esquema 2+1+1 foram tomadas para 84% das relações sexuais com parceiros casuais conhecidos e 82% das relações sexuais com parceiros desconhecidos. Em apenas 7,6% e 9,7% das ocasiões, respectivamente, os participantes tomaram apenas uma ou nenhuma dose.

Para sexo com parceiros fixos, apenas 60% tomaram as três doses e 33% uma ou nenhuma. Os participantes não foram solicitados a registrar se conheciam o status sorológico de seus parceiros e a carga viral. Como os participantes têm muito mais probabilidade de saber disso com parceiros fixos, menos uso de PrEP provavelmente reflete um julgamento, preciso ou não, sobre o risco de infecção pelo HIV ao fazer sexo com eles.

Os resultados da AmPrEP foram preocupantes em participantes que optaram em tomar a PrEP diária, com  nível médio do medicamento encontrado por amostra. Além disso, os níveis de emtricitabina estavam indetectáveis, indicando que, em 69% das amostras, não houve uso da profilaxia nas últimas 48 horas.

O estudo holandês mostrou que, no momento em que estavam em risco de infecção pelo HIV, os participantes da AmPrEP geralmente usaram a PrEP de forma adequada. O resultado final indicou, também, que nenhuma infecção por HIV foi detectada nos participantes que optaram pelo  esquema sob demanda.

Fonte: Aids Map, 25 de maio de 2021

https://www.aidsmap.com/news/may-2021/users-event-driven-prep-take-it-when-needed-dutch-study-finds

Artigo Original: Journal of the International AIDS Society

http://www.doi.org/10.1002/jia2.25708