HIV, IST e Outros

Maiores centros populacionais do Canadá estão altamente engajados no tratamento do HIV

Estudo feito pela coorte Engage, do Canadá, analisou indicadores da cascata de atenção ao HIV e correlatos de carga viral não suprimida entre gays, bissexuais e homens que fazem sexo com homens de Vancouver, Toronto e Montreal. A pesquisa começou em 2017, sendo concluída e apresentada à comunidade científica em outubro de 2020.

Os participantes foram recrutados por meio de redes sociais, de 1º de fevereiro de 2017 a 31 de agosto de 2019. No total, foram 1.179 participantes em Montreal, 517 em Toronto e 753 em Vancouver. Para ser elegível, era necessário se identificar como homem (cis ou trans), ter idade igual ou superior a 16 anos e relatar ter feito sexo com outro homem nos seis meses anteriores ao dia que participou do estudo.

Dos participantes com infecção por HIV confirmada, 3,3% não haviam sido diagnosticados anteriormente em Montreal, 3,2% em Toronto e 0,2% em Vancouver. Em Montreal, 87,6% dos voluntários vivendo com HIV recebiam terapia antirretroviral (TARV) e 10,6% tinham carga viral não suprimida; em Toronto, 82,6% recebiam TARV e 4% tinham carga viral não suprimida; e em Vancouver, 88,5% recebiam TARV e 2,6% tinham carga viral não suprimida.

O estudo demonstrou que os participantes vivendo com HIV nos três maiores centros populacionais do Canadá raramente desconheciam sua condição de HIV e estão altamente engajados no tratamento da doença. No entanto, o trabalho aponta que a identificação de gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens ainda pode ser melhorada, o que maximizaria os benefícios do tratamento do HIV, em particular entre  os  mais jovens e aqueles que podem não ter um provedor regular de cuidados primários de saúde. Também não foram encontradas associações negativas com o uso recente de metanfetamina, cocaína, ecstasy ou quaisquer drogas injetáveis ​​no resultado final do estudo.

O público-alvo do estudo continua a ser o grupo central na epidemia de HIV concentrada no Canadá e, embora possa haver melhorias na prevenção, cuidado e tratamento do HIV, as políticas e programas de HIV nessas três cidades têm sido eficazes em atingir as metas 90-90-90. Essa meta foi implantada em 2014 pelo UNAIDS: o “90-90-90” representa metas para serviços de saúde relacionados ao HIV, ou seja, os países deveriam aspirar a ter 90% das pessoas que vivem com HIV cientes de seu diagnóstico, 90% desses indivíduos deveriam estar recebendo TARV e 90% destes deveriam ter alcançado a supressão virológica.

Essa é uma excelente notícia para futuras reduções nos diagnósticos de HIV (e incidência) entre gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens, um fenômeno que está sendo observado atualmente pelo Centro de Controle de Doenças da Colúmbia Britânica, em Vancouver. O estudo também sugere que mais melhorias para o tratamento do HIV ainda são possíveis, podendo chegar a um “95-95-95”, caso haja uma expansão dos programas de profilaxia pré-exposição (PrEP) para o HIV com financiamentos públicos. A PrEP ainda é limitada no Canadá, mas se essa medida fosse adotada com mais regularidade no país, poderia reduzir ainda mais as infecções por HIV entre gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens.

Fonte: Journal of the International Aids Society, 30 de abril de 2021

https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/jia2.25699