Zimbábue projeta redução de falso HIV+ a partir de aplicação de orientações da OMS
Erros de classificação foram relatados em testes de diagnóstico rápido de HIV em países da África Subsaariana de forma geral. As principais consequências desses erros são as oportunidades perdidas de prevenção da transmissão de mãe para filho, diagnóstico precoce do bebê, prevenção do HIV em adultos e tratamento antirretroviral (TARV) desnecessário, além do desperdício de recursos.
No Zimbábue, um estudo para identificar esses erros foi financiado, entre outros, pela Fundação Bill e Melinda Gates e pelo Fundo Global de Luta contra a Aids, Tuberculose e Malária, e organizado por dois laboratórios do país: Laboratório Nacional de Referência de Microbiologia, responsável pelos testes em mulheres, eo laboratório do Instituto de Pesquisa e Treinamento Biomédico, responsável pelos testes nos homens.
Os resultados de HIV com base em testes rápidos foram extraídos dos registros do Programa de Prevenção da Transmissão Vertical do HIV em 62 locais durante a vigilância pré-natal do HIV em 2017 e classificados como Positivo e Negativo para Resultados dos Testes Rápidos de HIV. A taxa de falsa positividade para pessoas com resultados HIV positivos anteriores (“positivos conhecidos”) foi calculada usando os resultados de testes de garantia de qualidade externos feitos para vigilância do HIV. Foram analisados também os dados sobre indicadores de sistemas de gestão de qualidade, desempenho do kit de testes rápidos sob condições climáticas locais, erros de usuário(a) e/ou de laboratórios onde foram coletados usando formulários de vigilância de HIV, por meio de um aplicativo de câmera para smartphone em sete locais.
O não atendimento ao controle da umidade e da temperatura que excedem as recomendações dos fabricantes, especialmente em depósitos e leituras prematuras de saída de testes rápidos, foi responsável por 56% dos casos de falsa positividade. Erros de classificação ocorreram apesar da alta cobertura do treinamento da equipe e da implementação de procedimentos de garantia de qualidade de rotina.
Os pontos fortes deste estudo incluem cobertura nacional, grande tamanho da amostra, altas taxas de participação na vigilância de HIV subjacente, identificação e interpretação usando um aplicativo de câmera de smartphone, independentemente de erros de leitura. Algumas fontes potenciais de erros de classificação incorreta não foram avaliadas, incluindo alta temperatura e umidade durante o transporte dos kits de teste.
Mudanças na política internacional e nacional ocorreram após 2017 e o algoritmo nacional de testagem para o HIV do Zimbábue incluiu a repetição da triagem e testes de confirmação quando os resultados iniciais são discordantes. Agora, um teste de repetição para confirmar a infecção pelo HIV é feito antes do início do TARV, obedecendo às orientações adicionais da Organização Mundial da Saúde (OMS), que, desde novembro de 2019, recomendam três testes consecutivos com resultados reativos para estabelecer um diagnóstico de HIV positivo.
A conclusão do estudo é que os erros podem ser reduzidos com algoritmos de teste de HIV que usam testes rápidos com maior sensibilidade, em condições climáticas locais adequadas, com melhores condições clínicas e procedimentos de teste mais rígidos. Os resultados falso-positivos de testes rápidos de HIV são raros agora, mas muitas pessoas que já estão em tratamento antirretroviral podem não estar infectadas. Assim, com essas mudanças e procedimentos de qualidade reforçados, os erros de resultado falso positivo em testes de HIV encontrados no Zimbábue deverão ser reduzidos.
Fonte: Journal of the International Aids Society, 21/4/2021