PrEP: temas gerais

Jovens são sub-representados em estudo de implementação da PrEP na Inglaterra

Os primeiros dados do estudo IMPACT, de implementação da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV na Inglaterra, conduzido entre outubro de 2017 e julho de 2020, foram apresentados, em abril de 2021, na conferência conjunta da British HIV Association e da British Association of Sexual Health.

A pesquisadora-chefe, Ann Sullivan, do Chelsea and Westminster Hospital, de Londres, destacou na conferência que, embora tenham existido diferenças entre os grupos de pessoas recrutadas, a evidência mais clara da desigualdade de acesso ao ensaio foram os mais jovens, de 16 a 25 anos, que ficaram sub-representados em relação ao risco de HIV.

Inicialmente, havia 10 mil vagas, mas a necessidade e a popularidade do teste o levaram a duas expansões, com um número final de 26 mil vagas. A maior parte das clínicas inglesas de saúde sexual participou, com um número mínimo de 20 inscritos por unidade.

O estudo usou diferentes definições de ‘elegível para PrEP’ e ‘em risco de HIV’. Para ser elegível, o critério principal era que homens gays ou bissexuais e mulheres trans tivessem praticado sexo sem preservativo nos três meses que antecediam o recrutamento. Outro critério era ter um parceiro vivendo com HIV com carga viral acima de 200 cópias/ml.

‘Em risco de HIV’ era uma categoria mais ampla. Incluía pessoas com histórico de testes de HIV ou teste frequente de infecção sexualmente transmissível, pessoas que haviam procurado a profilaxia pós-exposição (PEP) e profissionais do sexo.

Ao final, o número de participantes foi de 24.255, a maioria homens cis gays ou bissexuais. No entanto, 1.038 inscritos no estudo não estavam nesse grupo. Desses, pouco mais de 1/3 eram mulheres trans (359) e pouco menos de 1/3 mulheres cis (333). Vinte e nove por cento eram homens, quase igualmente divididos entre homens trans (152) e homens cis heterossexuais (150). Houve também um pequeno número de participantes não binários.

A maioria dos participantes era de etnia branca, incluindo 76% dos homens cis gays ou bissexuais, 60% das mulheres cis e 49% dos homens cis heterossexuais. Entre os não brancos, quase 11% eram mulheres trans asiáticas, com poucas participantes trans de etnia negra ou caribenha. A idade média foi de 33 anos, com variaçãode 16 a 86 anos. A maior parte dos homens cis gays ou bissexuais tinha entre 25 e 40 anos. Em média, as mulheres cis eram um pouco mais velhas do que os outros grupos inscritos no estudo e as mulheres trans um pouco mais jovens.

O IMPACT ofereceu, especificamente para homens cis gays ou bissexuais, uma escolha de iniciar a PrEP diária ou a PrEP sob demanda (2+1+1). A maioria (85%) optou pelo esquema diário. De acordo com Sullivan, a proporção de pessoas que optaram pela PrEP 2+1+1 aumentou com o passar do tempo.

Questionada sobre o motivo dessa sub-representação dos jovens, Sullivan afirmou que esse público costuma ter menos conhecimento sobre PrEP e saúde sexual em geral. Segundoa pesquisadora, os jovens tendem a ser mais reticentes sobre a revelação do comportamento sexual, especialmente se os médicos não lhe fizerem perguntas diretas.

Fonte: site do Aidsmap, de 23 de abril de 2021.

(https://www.aidsmap.com/news/apr-2021/englands-big-prep-implementation-trial-releases-its-enrolment-data-young-people-under)