PrEP: tecnologia de prevenção

Anvisa: primeiro passo dado para ampliar a oferta da PrEP para jovens a partir de 15 anos

Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu um passo importante para a ampliação do uso da profilaxia pré-exposição (PrEP) com a mudança na bula do medicamento Truvada® (emtricitabina + fumarato de tenofovir disoproxila), não genérico, permitindo seu uso para jovens a partir de 15 anos em risco acrescido para infecção do HIV.

No entanto, para que o medicamento alcance da forma adequada esses jovens, com distribuição gratuita do medicamento genérico via Sistema Único de Saúde, é preciso, primeiro, alterar o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da PrEP e submetê-lo à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), do Ministério da Saúde, o que já começa a ser estudado.

 “Essa alteração é significativa e corrobora com os dados científicos de efetividade da PrEP que vêm sendo elaborados pelo projeto PrEP 1519,  desenvolvido junto a adolescentes de Salvador, São Paulo e Belo Horizonte. O nosso objetivo é colaborar com a ampliação do alcance e da oferta da profilaxia, via rede pública, para jovens a partir dos 15 anos”, destaca  Inês Dourado, pesquisadora principal e coordenadora do PrEP 1519 na capital baiana e representante institucional do projeto.

Para Inês, a ampliação do uso da PrEP para adolescentes a partir dos 15 anos representa um grande passo na prevenção do HIV nessa população: “De acordo com o Boletim Epidemiológico de 2020, divulgado pela Organização Mundial da Saúde, toda semana seis mil jovens são infectados pelo HIV no mundo”. Segundo os dados, estima-se que mais de 11 milhões de jovens entre 15 e 24 anos convivam com o vírus atualmente. Em uma escala global, essa faixa etária apresenta um risco relativo 50% maior em relação às demais.

Por dentro do PrEP 1519

O projeto PrEP 1519 avalia o uso e a efetividade da profilaxia pré-exposição na prevenção do HIV entre jovens dessa faixa etária que se identificam como gays/outros homens que fazem sexo com homens, mulheres trans e travestis de Belo Horizonte, Salvador e São Paulo. O estudo é realizado por pesquisadores da UFMG, USP e UFBA, com financiamento da Unitaid e Ministério da Saúde do Brasil.

Dados preliminares até o final de 2020indicavam quea maioria dos adolescentes inscritos na coorte optou pela PrEP (76,9%);era HSH (91,9%); com baixo nível socioeconômico (42,9%); com 12 anos ou mais de escolaridade (52,7%); da raça/cor de pele preta e parda (40,3% e 30,0%, respectivamente); com faixa etária de 18-19 anos (80,8%); residia com pais ou familiares (80,3%); e não participavam de movimento social ou ONG LGBTQI+ (86,5%).

Os jovens que se apresentam para o estudo também podem optar em não fazer o uso da PrEP no momento da inscrição. Independentemente da opção, todos são acolhidos e tratados em caso de algum diagnóstico de IST. Dados de entrada e de acompanhamento do projeto mostram que a população do estudo tem risco acrescido de infecção pelo HIV e sífilis, especialmente. Além dos testes para diagnóstico de HIV (feito no local ou com o autoteste) e outras ISTs, todos os participantes têm acesso à informação adequada, camisinha, lubrificante, aconselhamento e referência para vacinação contra as hepatites A e B, e HPV.