PrEP: tecnologia de prevenção

Estudo com mulheres africanas mostra maior adesão à PrEP injetável que ao esquema oral

Mulheres que tomaram injeções de longa duração de cabotegravir tiveram 89% menos infecções por HIV do que as mulheres que usaram comprimidos da profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP) diária. Essa foi a conclusão de um estudo conduzido em sete países africanos, por Sinead Delany-Moretlwe, da Universidade de Witwatersrand, na África do Sul. O trabalho foi apresentado, em janeiro de 2021,na conferência virtual HIV Research for Prevention.

SheenaMcCormack,co-presidente da conferência, confirmou que os resultados são uma vitória para o cabotegravir injetável, mas um alerta preocupante para a PrEP oral em mulheres africanas. Numerosos estudos já haviam demonstrado a alta eficácia da modalidade oral da profilaxia quando tomada conforme prescrita, mas a adesão às pílulas diárias foi abaixo do esperado e diminuiu consideravelmente ao longo do estudo.

Delany-Moretlwe tentou explicar a superioridade das injeções sobre os comprimidos: “Acho que já ouvimos falar de mulheres que desejam métodos de prevenção ao HIV que sejam discretos e que se encaixem em suas vidas”, disse ela. Embora várias mulheres tenham adotado a PrEP oral, outras enfrentam barreiras sociais. Muitas acham que em acomodações superlotadas é difícil manter os frascos de medicamentos fora da vista de parceiros e familiares, que podem suspeitar que os comprimidos são para o tratamento do HIV ou temer que a mulher controle sua própria saúde sexual.

“As injeções oferecem uma alternativa real e se encaixam nas práticas já existentes de saúde sexual e reprodutiva das mulheres”, disse Delaney-Moretlwe. Mais da metade das participantes do estudo já estava usando anticoncepcionais injetáveis.

De acordo com o estudo, 3.224 mulheres cisgênero foram alocadas aleatoriamente para receber PrEP injetável (a cada oito semanas) ou PrEP oral (todos os dias). Utilizou-se um desenho “duplo simulado”, o que significa que metade das participantes recebeu cabotegravir injetável ativo e pílulas de placebo inativas e a outra metade recebeu injeções de placebo inativo e comprimidos ativos de tenofovir/emtricitabina.

Houve 40 infecções por HIV. Considerando que 36 infecções ocorreram em mulheres que receberam as pílulas de PrEP ativas, havia apenas quatro em mulheres que receberam as injeções ativas. Duas das quatro não tinham recebido nenhuma injeção no momento da infecção, uma havia sido injetada quatro meses antes e outra mulher contraiu o HIV apesar de seguir o esquema de injeção.

Os pesquisadores acreditam que a baixa adesão ao comprimidos provavelmente explica os resultados. Na semana quatro, apenas 60% das mulheres no braço da PrEP oral tinham níveis sanguíneos de tenofovir consistentes com a dosagem diária, e isso diminuiu para 34% na semana 57. Em contraste, as mulheres compareceram a 93% de suas visitas de injeção, um número que praticamente não diminuiu com o tempo.

Fonte: site do Aidsmap, de 27 de janeiro de 2021.

(https://www.aidsmap.com/news/jan-2021/triumph-injectable-prep-sobering-result-oral-prep)