Mulheres e homens trans que tomam PrEP: níveis de proteção semelhantes a mulheres e homens cis
Robert Grant, investigador do estudo iPrEx, em São Francisco e Boston, e sua equipe conduziram,de junho de 2017 a julho de 2018, estudo de dosagem com 24 mulheres trans e 24 homens trans que recebiam terapia hormonal para transição de gênero e tomavam a profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV diariamente. O trabalho descobriu que os níveis de tenofovir e emtricitabina, que compõem o medicamento, eram semelhantes aos observados em mulheres e homens cis – todos acima dos níveis satisfatórios em termos de eficácia.
O estudo abordou preocupações levantadas por trabalhos anteriores que sugeriam que os níveis de hormônios utilizados para transição de gênero e os níveis de PrEP poderiam ser mais baixos em pessoas trans devido a interações medicamentosas. No entanto, esses trabalhos apresentavam pessoas em diferentes regimes hormonais e nem sempre monitoravam diretamente o uso da profilaxia. Os pesquisadores afirmaram também que os medicamentos da PrEP e os hormônios sexuais são metabolizados de maneiras diferentes, não havendo razão para esperar interações significativas.
Os níveis de PrEP no sangue observados em homens trans foram 23% mais baixos do que aqueles normalmente encontrados em mulheres cis. Embora essa diferença seja estatisticamente significativa, ou seja, improvável de ser devido ao acaso, ela não reduziu a proteção ao HIV em homens trans. Por outro lado, os níveis de profilaxia encontrados em homens trans e cis foram praticamente idênticos, e a PrEP tem um histórico comprovado de eficácia em homens cis.
Tomar PrEP não resultou em mudanças importantes nos níveis de terapia hormonal para transição de gênero em mulheres ou homens trans. Os efeitos colaterais foram os já conhecidos, de curto prazo, e observados apenas em pessoas recém-iniciadas na profilaxia – náuseas, diarreia, fadiga e dor abdominal, principalmente na primeira semana.
Embora trabalhos como o de Grant possam amenizar as preocupações sobre a PrEP e facilitar a adesão ao uso entre as pessoas trans, os pesquisadores informam que os mesmos não substituem estudos de vigilância maiores e mais completos. São esses estudos que estabelecem se, e como, a profilaxia pode ser fornecida e adotada por pessoas trans e se oferece a mesmaproteção contra o HIV, como para outras populações.
Fonte: site do Aidsmap, de 7 de setembro de 2020