2020 Espaço HSH Espaço Trans PrEP, HSH e trans

Conhecimento, intenção de uso e disponibilidade para pagar por diferentes esquemas de PrEP entre HSH no México

A implementação da profilaxia pré-exposição (PrEP) como ferramenta contra o HIV tem sido lenta, especialmente em países de renda baixa e média, em parte por causa de seus altos custos. Como os programas nacionais de PrEP estão atualmente sendo delineados, é necessário considerar alternativas para disponibilizá-los ao maior número de pessoas em risco. É essencial entender a intenção de usar e a disponibilidade  em pagar  por diferentes esquemas da profilaxia entre os indivíduos elegíveis.

​“Conhecimento, intenção de uso e disponibilidade para pagar por diferentes esquemas de PrEP entre gays/outros homens que fazem sexo com homens (HSH) no México” é o título do trabalho que aborda esse panorama, realizado também junto a mulheres trans, tendo sido elaborado por Diego Cerecero-García, José Gomez-Castro e outros pesquisadores* do Instituto Nacional de Saúde Pública mexicano, e apresentado em forma de pôster na 23ª Conferência Internacional de Aids (Aids 2020, julho, EUA).

Entre novembro e dezembro de 2019, foi realizada uma pesquisa entre HSH e mulheres trans em locais de sociabilidade e onde se encontram parceiros sexuais. Foram coletadas informações sociodemográficas, sobre comportamento sexual, conhecimento sobre PrEP, bem como a disponibilidade para pagar e usar por diferentes esquemas da profilaxia, ou seja, a PrEP diária, a eventual (sob demanda), via injetável ou implantes. Foram exploradas as curvas de demanda para todos esses esquemas de PrEP. Para avaliar a intenção de uso e a disponibilidade para pagar  foram utilizados modelos de regressão multivariados. 

Foram coletados dados de 585 participantes, sendo 81% HSH e 19% mulheres trans. Cinquenta e um por centro da amostra tinha de 26 a 40 anos, 56% com nível superior de educação, 48% relataram sexo anal sem preservativo nos últimos seis meses e 59% afirmaram não ter feito sexo com parceiro vivendo com HIV nesse mesmo período. 

Em relação à intenção de uso, a maioria dos HSH e as mulheres trans apontou a preferência pela PrEP diária: 85% e 93%, respectivamente, seguida por implante e esquema injetável. Quanto à disponibilidade para pagar, a maior parte dos participantes afirmou estar disposta a desembolsar U$ 116 mensais por um implante. Se for feito um recorte para renda mensal dos participantes, aqueles que ganhavam mais ou até U$ 450 demonstraram preferência pelo esquema eventual. Quarenta e oito dos participantes não manifestaram disposição para usar a PrEP, sendo 94% deles HSH e 6% mulheres trans.

O estudo conclui que há alta conscientização e intenção de uso em relação aos diferentes esquemas de PrEP entre os participantes, além de terem sido identificados fatores associados à disponibilidade para pagar. Os resultados destacam o potencial da implementação de programas nacionais de PrEP entre HSH e mulheres trans, podendo colaborar no planejamento desses programas e a ampliação do uso da profilaxia em todo o país.

*Autores do trabalho: Diego Cerecero-García, José Gomez-Castro, Araczy Martínez-Dávalos, Ivonne Huerta-Icelo, Heleen Vermandere e Sergio Bautista-Arredondo, todos do Instituto Nacional de Saúde Pública do México.

Para acessar o material apresentado na conferência: https://1395cf30-9035-4b27-b33f-738f50602472.filesusr.com/ugd/f93c93_6e6abead3e9c4ec68293b50dd0d44590.pdf