HIV, IST e Outros PrEP, HSH e trans

Incidência de IST entre HSH e mulheres transgênero é tema de estudo ImPrEP

A América Latina carrega uma alta carga de infecções sexualmente transmissíveis (IST) que afetam desproporcionalmente as populações de gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres transgênero. Apesar dos desafios estruturais para se construir uma resposta local, a expansão regional dos programas de profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV serviria para fortalecer uma abordagem de prevenção combinada, incluindo triagem de IST.

Análise liderada por Mayara Secco, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) e outros colaboradores do Grupo de Estudos ImPrEP*, buscou identificar fatores associados a diagnósticos de IST após o início da PrEP junto a essas populações. O trabalho foi apresentado em forma de pôster na 12ª Conferência da International AIDS Society sobre Ciência do HIV (IAS 2023), realizada, de 23 a 26 de julho de 2023, em Brisbane, Austrália.

De fevereiro de 2018 a dezembro de 2020, o projeto ImPrEP incluiu 9.509 participantes HSH e mulheres trans para uso da PrEP oral. A sorologia para sífilis foi coletada trimestralmente, enquanto as detecções de clamídia retal e gonorreia foram realizadas anualmente. Os voluntários que não realizaram testes de IST foram excluídos da análise.

Dos 7.624 participantes elegíveis (3.478 no Brasil, 2.541 no México e 1.605 no Peru), 2.350 tiveram pelo menos uma IST durante o período de acompanhamento. Pessoas mais jovens (menores de 30 anos), que relataram uso prévio de PrEP, com múltiplos parceiros sexuais, que realizaram sexo anal receptivo sem preservativo e com adesão inadequada à profilaxia tiveram maiores chances de apresentar uma infecção sexualmente transmissível. No total, 28,5% dos voluntários apresentaram alguma IST recorrente.

De acordo com os autores, os resultados sugerem que os usuários de PrEP com IST já eram altamente vulneráveis às infecções antes do estudo, não configurando um comportamento de compensação de risco devido ao início da profilaxia. Também afirmam que os programas com PrEP representam uma oportunidade sem precedentes de expandir a triagem de infecções sexualmente transmissíveis e evitar a transmissão do HIV e de IST bacterianas.

*Autores:

Mayara Secco (1), Thiago Torres (1), Carolina Coutinho (1), Ronaldo Ismerio Moreira (1), Igor  Leite (2), Marcelo Cunha (2), Pedro Henrique Leite (2), Carlos Cáceres (3), Kelika Konda (3), Juan Guanira (3), Hamid Vega-Ramírez (4), Heleen Vermandere (5), Sergio Bautista-Arredondo (5), Brenda Hoagland (1), Sandra Cardoso (1), Marcos Benedetti (1), Cristina Pimenta (6), Valdiléa Veloso (1) e Beatriz Grinsztejn (1), do Grupo de Estudos ImPrEP

1 – Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil

2 – Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, da Fiocruz, Rio de Janeiro, Brazil

3 – Universidade Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru

4 – Instituto Nacional de Psiquiatria Ramón de la Fuente Muñiz, Cidade do México, México

5 – Instituto Nacional de Saúde Pública, Cuernavaca, México

6 – Ministério da Saúde, Brasília, Brasil