A implementação de iniciativas de profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV tem sido limitada, especialmente na América Latina. Compreender o custo da segmentação de entrega de PrEP junto a populações prioritárias é essencial para subsidiar, com informações relevantes, os programas nacionais de HIV dos países da região. Esse foi o objetivo do estudo “Avaliando o custo da oferta de PrEP no México: resultados do estudo ImPrEP”, projeto de demonstração que, além da profilaxia, fornece testes de infecções sexualmente transmissíveis por meio de visitas trimestrais.

A análise foi feita por Diego Cerecero-García, do Instituto Nacional de Saúde Pública do México, e outros pesquisadores*, e apresentada em forma de pôster na 11ª Conferência sobre a Ciência do HIV (IAS 2021),  promovida virtualmente pela International Aids Society, de 18 a 21 de julho.

Foi conduzido um estudo de custeio retrospectivo sob a perspectiva dos fornecedores de PrEP. Para capturar todos os custos relevantes, projetou-se um cálculo relativo à estrutura para mapear atividades importantes, bem como entradas-chave e resultados vinculados a cada atividade do programa. Os dados foram coletados de quatro serviços que fornecem a PrEP no México (uma clínica pública de HIV e três organizações-não governamentais), com informações baseadas em orçamentos, despesas, registros e entrevistas com as equipes. Os custos foram classificados em três categorias: medicamentos, laboratórios e pessoal. Estimou-se o número anual de pacientes atendidos e o custo por visita e por paciente-ano.

Em 2019, o programa atendeu a 1.228 participantes (59% na clínica pública e 41% nas ONGs, com comparecimento a 5.511 visitas). Custos com medicamentos, pessoal e laboratório representaram 50%, 38% e 12%, respectivamente, cabendo frisar que a composição de custos era diferente entre as unidades de saúde citadas. Medicamentos foram responsáveis por 70% do custo na clínica de HIV e por 55% nas ONGs.

Entre as principais conclusões do estudo estão: os custos da PrEP variam substancialmente, dependendo da natureza do tipo de serviço, e os custos com medicamentos representam metade do custo anual por cliente. Os pesquisadores apontam que, provavelmente, esse estudo é um dos primeiros na América Latina visando avaliar o custo da oferta de PrEP a partir de dados primários. Nesse sentido, ressaltam que os resultados podem colaborar na busca pela expansão da PrEP no México e em outros países.

*Autores do artigo

Diego Cerecero-García, José Gómez-Castro, Heleen Vermandere, Sergio Bautista-Arredondo, do Instituto Nacional de Saúde Pública-México