Conhecimento sobre PrEP 2+1+1 e interesse de migrar da PrEP oral diária para o esquema sob demanda no Brasil, Peru e México – o estudo ImPrEP
A OMS recomenda o esquema da PrEP sob demanda (PrEP 2+1+1) para gays/outros homens que fazem sexo com homens (HSH) em risco para o HIV mas que reportam sexo infrequente. Brenda Hoagland, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas/Fiocruz e pesquisadores do grupo de estudo ImPrEP* apresentaram resultados do estudo transversal “Conhecimento sobre PrEP 2+1+1 e interesse de migrar da PrEP oral diária para o esquema sob demanda no Brasil, Peru e México – o estudo ImPrEP”realizado junto aos participantes do projeto.
O trabalho foi apresentado em forma de pôster na 11ª Conferência sobre a Ciência do HIV (IAS 2021), promovida virtualmente pela International Aids Society, de 18 a 21 de julho.
Entre fevereiro de 2020 a janeiro de 2021, 3.764 participantes responderam a um questionário no Brasil (58,5%), México (27,1%) e Peru (14,4%), com perguntas sobre frequência sexual, uso atual de PrEP e conhecimento e interesse no esquema 2+1+1. A maioria dos que responderam eram HSH (97,6%) com média de idade de 31 anos. O uso diário de PrEP foi informado por 96,9% e 23,4% relataram fazer sexo menos de duas vezes por semana.
O conhecimento sobre a PrEP 2+1+1 foi maior no México (36,3%) quando comparado com Brasil (30,2%) e Peru (27,8%). Após uma breve explicação sobre o esquema sob demanda, 22,1% demonstraram interesse em migrar do esquema diário para a 2+1+1. Esse interesse foi maior no México (26,9%) e Peru (26,0%) quando comparado ao Brasil (18,8%). Os principais motivos de interesse foram considerar o esquema 2+1+1 mais conveniente (85,4%), capacidade de postergar o início de sexo não planejado (80,8%) e capacidade de planejar a atividade sexual (73,6%).
Entre os 77,9% que não demostraram interesse em migrar para o esquema sob demanda, as principais razões foram: sentir-se confortável com o uso diário da PrEP (98,1%), considerar o esquema 2+1+1 difícil (92,7%) e sentir-se ansioso quanto ao próprio risco de HIV com esse esquema (90,8%).
A inabilidade de planejar o sexo antecipadamente foi maior no México (93,1%) em comparação a Peru (89,6%) e Brasil (85,3%), enquanto que a preocupação com a eficácia com o esquema 2+1+1 foi menos reportada no Brasil (53%) do que no Peru (73,9%) e México (75,7%). Os HSH que relataram praticar sexo menos de duas vezes por semana se mostraram mais interessados em migrar para o esquema 2+1+1 do que aqueles que faziam sexo duas ou mais vezes por semana.
O estudo conclui que o conhecimento e interesse em migrar para o esquema de PrEP 2+1+1 foi baixo entre HSH latino-americanos usuários de PrEP. No entanto, aqueles potencialmente elegíveis para o esquema, baseado no relato de sexo infrequente, demonstraram interesse e consideraram esse regime conveniente. Crenças sobre baixa eficácia e ansiedade sobre o risco de infecção por HIV sugerem que a disseminação de conhecimento é necessária para aumentar o interesse na PrEP 2+1+1.
*Autores do artigo
Brenda Hoagland (1), Thiago Torres (1), Kelika Konda (2), Hamid Vega (3), JuanGuanira (2) , HelenVermandere (4), Ronaldo Ismerio Moreira (1), Igor C. Leite (5) , Mônica Derrico (1), Cristina Pimenta (6) , Marcos Benedetti (1), Sergio Bautista (4), Beatriz Grinsztejn (1), Carlos Caceres(2), Valdiléa Veloso (1), do grupo de estudo ImPrEP
(1)Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas/Fiocruz-Brasil; (2) Universidade Peruana CayetanoHeredia-Peru; (3) Instituto Nacional de Psiquiatra Ramon de la Fuente Muñiz-México; (4) Instituto Nacional de Saúde Pública-México; (5) Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz-Brasil; (6) Ministério da Saúde do Brasil.