Disparidades socioeconômicas associadas ao HIV entre jovens gays/outros homens que fazem sexo com homens (HSH) na América Latina
Apesar dos esforços para impedir que a epidemia de HIV se alastre na região, novos casos continuam a aparecer, especialmente entre jovens gays/HSHs. O estudo, conduzido pelos pesquisadores Thiago Torres, Lara Coelho e outros*, foi apresentado pelo ImPREP em forma de pôster virtual na Conferência Anual sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI) 2020, tendo como objetivo avaliar fatores socioeconômicos e comportamentais associados à prevalência autorreferida pelo HIV entre participantes de uma pesquisa realizada no Brasil, México e Peru.
De março a maio de 2018, os participantes foram recrutados, por meio de anúncios, aplicativos e redes sociais, para responder um questionário na web. Os critérios de inclusão foram: homens cis gêneros, maiores de 18 anos e residentes em um dos três países. Para essa análise, foram incluídos jovens entre 18 e 24 anos que relataram seus status de HIV (positivo ou negativo).
De acordo com a pesquisa, modelos de regressão logística multivariáveis avaliaram os fatores associados à prevalência autorreferida pelo HIV entre esse público de cada país. Os modelos foram ajustados de acordo com a região geográfica: raça (branco ou não branco, exceto para o México), renda mensal (baixa ou média/alta), escolaridade (menor ou maior que o ensino médio), parceiro fixo (sim ou não), atração sexual (homens, mulheres ou ambos) e tempo decorrido desde o último teste de HIV (menos de um ano ou mais de um ano).
Os principais resultados foram: entre os 43.687 que iniciaram os questionários, 27.475 (62,9%) relataram os status de HIV. Destes, 7.055 (25,7%) eram jovens gays/HSH e foram incluídos na análise, com cerca de 83% confirmando a realização de teste de HIV no ano anterior e 630 (8,9%) relatando soropositividade.
A baixa renda foi associada a maiores chances de prevalência autorreferida pelo HIV no Brasil e no Peru, mas não no México. Menores índices educacionais também foram associados a maiores chances de prevalência autorreferida pelo HIV no Brasil, mas não nos outros dois países. Os jovens gays/HSH, sexualmente atraídos apenas por homens, dos três países, tiveram pelo menos duas vezes mais chances de prevalência autorreferida do HIV do que aqueles que preferem mulheres ou ambos.
O estudo concluiu que a incidência de HIV entre esse público foi alta e que as disparidades econômicas foram associadas a maiores chances de prevalência autorreferida pelo HIV. Intervenções para aumentar a conscientização sobre as tecnologias de prevenção, incluindo a PrEP para o público jovem, gay/HSH em desvantagem socioeconômica, são urgentes na América Latina.
Para acessar o pôster, acesse http://www.croiconference.org/sessions/socioeconomic-disparities-are-associated-hiv-young-msm-within-latin-america
* Autores do trabalho: Thiago Torres, Lara Coelho, Kelika A. Konda, E. Hamid Vega-Ramirez, Oliver A. Elorreaga, Dulce Diaz-Sosa, Brenda Hoagland, Cristina Pimenta, Marcos Benedetti, Beatriz Grinsztejn, Carlos Cáceres e Valdiléa Veloso, do Estudo ImPrEP.