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Por que o HIV pode estar prestes a ter um retorno monumental

Em artigo publicado, em 21 de janeiro de 2025, na revista Health Policy Watch, Beatriz Grinsztejn e Birgit Poniatwski, presidente e diretora-executiva da International Aids Society (IAS), respectivamente, discorrem sobre a ascensão do populismo e da governança regressiva em vários países do mundo e ressaltam que tais retrocessos ameaçam muitos dos avanços duramente conquistados no campo da saúde pública e da prevenção ao HIV.

Nos Estados Unidos, o bem-sucedido President’s Emergency Plan for AIDS Relief (PEPFAR) está sob ataque e sua potencial ruína pode impedir o acesso de milhões de pessoas a medicamentos que salvam vidas. Estima-se que o programa, concebido para o enfrentamento da pandemia de aids e suas terríveis consequências, tenha salvado cerca de 26 milhões de vidas nas últimas duas décadas.

Robert F. Kennedy Jr., o novo secretário de Saúde dos Estados Unidos, é conhecido como um cético em relação às vacinas, que por muito tempo foram falsamente associadas ao autismo. Kennedy também negou publicamente a relação causal entre HIV e aids. De acordo com as autoras do artigo, tratar pesquisas baseadas em evidências como opiniões sem nenhuma validade científica é um perigo real, especialmente se isso se consolidar nos níveis mais altos de um governo.

Restrições de direitos continuam a desafiar a resposta ao HIV nas regiões mais afetadas pela pandemia. Em 2024, Uganda manteve uma das leis antigays mais severas do mundo. Pelo menos metade dos 67 países que ainda criminalizam relações entre pessoas do mesmo sexo está na África Subsaariana, onde os fardos do HIV são mais altos. Na Rússia, leis punitivas sobre drogas e políticas LGBT+ altamente restritivas continuam a impulsionar uma das epidemias de HIV de maior crescimento no planeta.

O desrespeito à ciência é um convite para futuras pandemias, assinalam as autoras. O ressurgimento da mpox e da gripe aviária H5N1 são “tiros” de advertência – o HIV pode ser o próximo. Mas há um plano, sinalizam, que pode fazer o oposto e acabar com a pandemia de HIV para sempre: defender os direitos humanos.

A proteção aos direitos humanos não é uma postura meramente ideológica, é também uma política comprovada de saúde pública. Leis punitivistas e políticas discriminatórias impactam os mais necessitados e prejudicam as estratégias de prevenção e tratamento do HIV.

Beatriz e Birgit finalizam destacando que reformas legais são necessárias para proteger as populações-chave e revogar leis que criminalizam a comunidade LGBT+, trabalhadores imigrantes, profissionais do sexo, usuários de drogas injetáveis e pessoas privadas de liberdade. Empoderar organizações da sociedade civil, que fornecem serviços vitais para aqueles cujo acesso aos sistemas públicos de saúde é dificultado pelo estigma e a discriminação, tem sido e continuará sendo a base principal da resposta ao vírus.

Fonte: site da Health Policy Watch, de 21 de janeiro de 2025.

(https://healthpolicy-watch.news/why-hiv-could-be-poised-for-a-monumental-comeback/)