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Estudo ImPrEP investiga escolhas de PrEP entre minorias sexuais e de gênero no Brasil

Gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com outros homens (HSH) e mulheres trans são populações desproporcionalmente afetadas pelo HIV na América Latina. Baseado nessa premissa, o estudo ImPrEP conduziu um subestudo utilizando a metodologia de experimento de escolha discreta (DCE), liderado por Claudia Cristina de Aguiar Pereira, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, da Fiocruz, no Rio de Janeiro, e colaboradores de outras instituições*, visando avaliar as preferências relativas à profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV entre minorias sexuais e de gênero no Brasil e identificar atributos relacionados à absorção e adesão à profilaxia. Os resultados da análise foram publicados na edição de março de 2023 da revista The Lancet Regional Health – Americas.

Os pesquisadores conduziram o DCE com minorias sexuais e de gênero de todas as regiões brasileiras. De setembro a dezembro de 2020, um questionário foi aplicado presencialmente em cinco capitais e de forma on-line (73,2% da amostra) em todo o território nacional.

O tamanho total de amostra foi de 3.924 pessoas (90,5% HSH, 7,2% mulheres trans e 2,3% pessoas não-bináries ou de gênero diverso). Os voluntários foram recrutados no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz (RJ), no Centro Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa (Salvador), no Hospital Dia Asa Sul (Brasília), na Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (Manaus), no Centro de Testagem e Aconselhamento Santa Marta, da Secretaria Municipal de Saúde (Porto Alegre), bem como em aplicativos de namoro e em redes sociais.

Todos os participantes tinham mais de 18 anos, eram HIV negativos e com média de idade de 32,8 anos no momento da inclusão no estudo. Sessenta e quatro por cento relataram nunca ter tomado PrEP e 29% informaram ser usuários da profilaxia.

Após a realização de entrevistas qualitativas, os modelos logit de efeitos aleatórios indicaram que“níveis mais altos de proteção” e “sem efeitos colaterais” foram considerados os atributos da PrEP de maior importância para os pesquisados. O “baixo custo” foi outro atributo destacado.

Para a “apresentação” da profilaxia, as modalidades de longa duração, como a injetável e de implantes,se mostraram as preferidas dos participantes, superando a modalidade oral. Os voluntários se disseram dispostos a aceitar uma redução de proteção de 4,1% para receber PrEP injetável ou de 4,2% para tomar a PrEP mensal. A maioria também considerou a ausência de efeitos colaterais como um aspecto positivo no momento da escolha.

Os autores observam que maior proteção contra o HIV e a ausência de reações adversasforam os atributos mais importantes nas escolhas de PrEP. Eles afirmam que os programas que envolvam a profilaxia na América Latina devem disponibilizar tecnologias de longa duração que reúnam os atributos mais desejados, com objetivo de maximizar a aceitabilidade e a adequação do usuário.

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