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Saúde mental e física de pessoas de 40 anos ou mais vivendo com HIV em países de baixa e média renda

Publicado na edição de março de 2025 do Journal of International AIDS Society, artigo assinado por Jeremy Ross, da Fundação de Pesquisa para a Aids, de Bangkok, Tailândia e outros colaboradores, investigou a associação entre comorbidades e fatores relacionados ao HIV com sintomas de transtornos mentais e o uso não saudável de substâncias entre pessoas de 40 anos ou mais vivendo com o vírus em países de baixa e média renda. O público estudado foi oriundo de uma coorte prospectiva da Rede Sentinela de Pesquisa, do Banco de Dados Internacional de Epidemiologia para Avaliação da AIDS (IeDEA).

A pesquisa transversal analisou dados gerados de junho de 2020 a setembro de 2022 em dez clínicas de tratamento de HIV na Ásia, América Latina e África, incluindo 2.614 participantes, sendo 57% mulheres cisgênero e idade média de 50 anos. Os sintomas de transtornos mentais foram avaliados com base em episódios de depressão, ansiedade e estresse pós-traumático.

Os resultados apontaram uma prevalência de 19% em relação a sintomas de transtornos mentais e de 15% quanto ao uso não saudável de substâncias. No tocante ao estado de saúde, os resultados demonstraram altos índices de hipertensão (38%), dislipidemia (35%), diabetes tipo 2 (15%), doenças no fígado (34%) e histórico de tuberculose (23%). Dentre esses fatores, a dislipidemia e o sobrepeso (IMC > 25) foram as condições físicas mais fortemente associadas a transtornos mentais e uso de substâncias.

Por sua vez, o estudo não encontrou associações significativas entre os fatores de saúde física e mental analisados com o estado clínico do HIV (como carga viral indetectável e contagem de células CD4), fato que surpreendeu os autores. Segundo apontam, esses resultados contrariam estudos anteriores e podem estar relacionados diretamente aos centros de tratamento de HIV utilizados como fontes de dados que, localizados em áreas urbanas e bem equipados, talvez não tenham refletido uma realidade mais ampla, como em regiões com menor infraestrutura.

Os pesquisadores defendem a necessidade de esforços consistentes para integrar cuidados de saúde física e mental entre pessoas vivendo com HIV em processo de envelhecimento, sobretudo em países de baixa e média renda, onde os desafios estruturais tendem a ser maiores.

Link para o artigo: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/jia2.26434