Fatores associados ao risco percebido como baixo/moderado de aquisição do HIV entre HSH elegíveis para uso de PrEP no Brasil, México e Peru
O risco percebido de aquisição do HIV entre gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) pode não estar alinhado com a real exposição dessa população ao vírus.
Análise conduzida por Hamid Vega-Ramirez, do Instituto Nacional de Psiquiatria Ramon de la Fuente Muñiz, da Cidade do México, e outros integrantes do Grupo de Estudos ImPrEP*, investigou fatores associados ao risco percebido como baixo/moderado de aquisição do HIV entre HSH elegíveis para a profilaxia pré-exposição (PrEP), no Brasil, México e Peru. O ensaio foi publicado, em 27 de janeiro de 2025, no Archives of Sexual Behavior.
Participaram do estudo, realizado de março a junho de 2018, homens cisgênero residentes nos três países, maiores de 18 anos, HIV negativos e que tivessem praticado sexo com outros homens nos seis meses anteriores à inclusão.
No total, 9.900 HSH (58,4% do Brasil, 30,1% do México e 11,5% do Peru) foram incluídos na análise, dos quais a maioria (85,7%) relatou um risco percebido como baixo/moderado de aquisição do HIV. Mais de três quartos (77,7%) tinham o ensino médio completo. A mediana de idade da amostra foi de 28,8 anos e os participantes que informaram um risco percebido como baixo/moderado eram os mais jovens nos três países.
A realização de um teste de HIV no ano anterior à pesquisa aumentou a possibilidade de um risco percebido como baixo/moderado de aquisição do vírus no México. Em contrapartida, possuir cinco ou mais parceiros sexuais, o uso constante de aplicativos de redes sociais e fazer sexo (incluindo anal insertivo sem preservativo) com uma pessoa vivendo com HIV diminuiu as chances de um risco percebido como baixo/moderado de aquisição do vírus entre os voluntários do Brasil, México e Peru.
O pouco consumo de substâncias, como poppers (droga à base de nitrito que aumenta a satisfação sexual), drogas para disfunção erétil, maconha e cocaína, elevou as chances de um risco percebido como baixo/moderado de aquisição do HIV no Brasil e no México. A conscientização sobre a PrEP e a profilaxia pós-exposição (PEP) ao HIV não variou, nos três países, de acordo com o risco percebido de aquisição do vírus.
Segundo os autores, os HSH latinos elegíveis para a PrEP e com alto nível de exposição ao HIV mostraram uma lacuna significativa no risco percebido de aquisição do vírus. Eles destacam que o aconselhamento sobre prevenção deve levar em conta o histórico de testes de HIV e a frequência do uso de redes sociais para melhorar a autoavaliação do risco de exposição ao vírus.
Fonte: site do Archives of Sexual Behavior, de 17 de janeiro de 2025.
(https://link.springer.com/article/10.1007/s10508-024-03078-y)
*Autores:
Hamid Vega-Ramirez (1), Centli Diaz-Barriga (2), Ana Fresan (3), Dulce Diaz-Sosa (4), Kelika Konda (5, 6), Thiago Torres (7), Oliver Elorreaga (5), Rebeca Robles-Garcia (1), Cristina Pimenta (7), Marcos Benedetti (7), Brenda Hoagland (7), Carlos Cáceres (5), Beatriz Grinsztejn (7) e Valdiléa Veloso (7), do Grupo de Estudos ImPrEP.
1 – Divisão de Epidemiologia e Pesquisa Psicossocial, Instituto Nacional de Psiquiatria Ramon de la Fuente Muñiz, Cidade do México, México
2 – Faculdade de Psicologia, Universidade Nacional Autônoma do México, Cidade do México, México
3 – Diretoria de Pesquisa Clínica, Instituto Nacional de Psiquiatria Ramon de la Fuente Muñiz, Cidade do México, México
4 – Divisão de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Autônoma Metropolitana, Cidade do México, México
5 – Centro de Estudos Interdisciplinares em Sexualidade, Aids e Sociedade, Universidade Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru
6 – Divisão de Prevenção de Doenças, Política e Saúde Global, Departamento de Ciências da População e Saúde Pública, Escola de Medicina USC Keck, Los Angeles, Estados Unidos
7 – Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz), Rio de Janeiro, Brasil.