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Fatores que influenciaram a adesão e retenção à PrEP injetável no HPTN 083

O estudo HPTN 083 demonstrou a superioridade do cabotegravir injetável de longa duração (CAB-LA) em comparação com o uso oral e diário do fumarato  de tenofovir desoproxila combinado com entricitabina (TDF/FTC) como profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV.  

No total, a iniciativa incluiu 4.566 homens cisgênero, travestis e mulheres trans que fazem sexo com homens da América Latina, Estados Unidos, África e Ásia. Para compreender melhor os fatores relativos à adesão e retenção à PrEP injetável, uma pesquisa no formato de entrevista qualitativa foi realizada com um grupo de participantes do HPTN 083.

De novembro de 2019 a março de 2020, a pesquisa incluiu 40 pessoas de Chicago, Atlanta e Rio de Janeiro, com os resultados tendo sido publicados na edição de maio de 2024 do Journal of the International AIDS Society, em artigo assinado por Christina Psaros, do Hospital Geral de Massachusetts (EUA), e outros colaboradores*. Nas entrevistas, foram abordados fatores como barreiras para o uso, facilitadores e percepções sobre a experiência com a PrEP injetável.

A adesão ao CAB-LA foi classificada como o recebimento de pelo menos duas aplicações consecutivas em um intervalo de 10 semanas desde a última injeção. De acordo com essa definição, 27 dos 40 participantes foram considerados aderentes, 12 indivíduos não aderentes, enquanto 1 participante deixou o HPTN 083 precocemente.

De forma geral, a experiência de participação no HPTN 083 foi considerada positiva. Dentre as razões apontadas, estão o acesso gratuito à PrEP injetável, seu formato inovador, que elimina o ônus de tomar pílulas diariamente, e a oportunidade de contribuir para um estudo científico. Os pesquisados relataram algumas barreiras em relação ao CAB-LA, como o temor sobre sua eficácia, a possível diminuição da proteção contra o HIV no período entre as doses, o medo de agulhas e dificuldades logísticas para comparecer às visitas de acompanhamento. Contudo, tais barreiras tenderam a se atenuar com o tempo.

A experiência positiva com a equipe de profissionais dos centros de estudo também foi apontada como um fator importante para a efetividade da adesão, assim como a existência de ambientes acolhedores e livres de preconceitos.   

Os resultados gerais demonstraram aceitação em relação ao uso do CAB-LA e à participação no HPTN 083. A pesquisa qualitativa ressaltou, ainda, que uma implementação bem-sucedida da PrEP injetável requer a atenção a fatores como, por exemplo, disponibilização de horários flexíveis para garantir o atendimento. Além disso, uma ampla educação sobre a eficácia do CAB-LA mostrou-se essencial para garantir uma maior adesão à PrEP injetável.

Link para o artigo: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/jia2.26252

* Autores:


Christina Psaros (1), Georgia Goodman (1), Jasper Lee (1), Whitney Rice (2), Colleen Kelley (3), Temitope Oyedele (4), Lara Coelho (5), Nittaya Phanuphak (6, 7), Yashna Singh (8), Keren Middelkoop (8), Sam Griffith (9), Marybeth McCauley (9), James Rooney (10), Alex Rinehart (11), Jesse Clark (12), Vivian Go (13), Jeremy Sugarman (14), Sheldon Fields (15), Adeola Adeyeye (16), Beatriz Grinsztejn (5), Raphael Landovitz (17) e Steven Safren (18).

(1) Departamento de Psiquiatria, Hospital Geral de Massachusetts, Boston, EUA
(2) Departamento de Ciências Comportamentais, Sociais e da Educação em Saúde, Escola Rollins, Universidade Emory, Atlanta, EUA
(3) Divisão de Doenças Infecciosas, Departamento de Medicina, Escola de Medicina, Universidade Emory, Atlanta, EUA
(4) Farmacêutica AstraZeneca, Chicago, EUA
(5) Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil
(6) Instituto de Pesquisa e Inovação em HIV, Bangkok, Tailândia
(7) Centro de Excelência em Saúde Transgênera, Universidade Chulalongkorn, Bangkok, Tailândia
(8) Centro de HIV Desmond Tutu, Universidade da Cidade do Cabo, Cidade do Cabo, África do Sul
(9) Family Health International 360, Washington, EUA
(10) Gilead Sciences, Foster City, EUA
(11) ViiV Healthcare, Durham, EUA
(12) Divisão de Doenças Infecciosas, Departamento de Medicina, Escola de Medicina David Geffen, Universidade da Califórnia, Los Angeles, EUA
(13) Departamento de Comportamento da Saúde, Universidade da Carolina do Norte. Escola de Saúde Global Gillings, Chapel Hill, EUA
(14) Instituto de Bioética e Escola de Medicina Berman, Universidade Johns Hopkins, Baltimore, EUA
(15) Faculdade de Enfermagem Ross and Carol Nese, Universidade do Estado da Pensilvânia,  Pensilvânia, EUA
(16) Escritório Nacional da Nigéria, Centro para Controle e Prevenção de Doenças (EUA), Abuja, Nigéria
(17) Centro Clínico de Pesquisa e Educação em Aids, Escola de Medicina David Geffen, Universidade da Califórnia, Los Angeles, EUA
(18) Departamento de Psicologia, Universidade de Miami, Miami, EUA.