A profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV na modalidade injetável de longa duração, baseada no cabotegravir (CAB-LA), tem o potencial de reduzir a incidência do HIV, embora os dados sobre a sua implementação ainda sejam escassos em muitos países.

Estudo conduzido por Adamson Ndhlovu, da JSI USAID Discover-Health Project, em Lusaka, na Zâmbia, teve como objetivo auxiliar a implementação da PrEP injetável no país. O ensaio foi apresentado, em forma de pôster, na 5ª Conferência de Pesquisa em Prevenção do HIV (HIVR4P 2024), realizada, de 6 a 10 de outubro, em Lima, Peru.

De fevereiro a maio de 2024, após a capacitação de profissionais de saúde e agentes comunitários, a PrEP injetável foi fornecida a 609 pessoas elegíveis ao medicamento, em duas clínicas especializadas no tratamento do HIV. Os potenciais usuários da profilaxia foram identificados por meio de um banco de dados do Ministério da Saúde local.

Os participantes tinham média de idade de 24 anos. No total, 55,8% eram mulheres cisgênero adultas, 22,5% adolescentes/jovens mulheres, 6,9% gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens e os demais pertenciam a outras populações em alto risco para o HIV, como mulheres trans e profissionais do sexo.

Quase três quarto dos voluntários (72%) tinham pouco ou nenhum conhecimento anterior sobre o medicamento e apenas 2,8% já haviam utilizado a PrEP oral diária. As mulheres tinham maior probabilidade de possuir pouco ou nenhum conhecimento anterior sobre a profilaxia quando comparadas aos homens.

Ao final do período de acompanhamento, 93% dos participantes haviam tomado pelo menos uma injeção de CAB-LA e apenas 7% optaram por descontinuar o medicamento. Desses, 91,7% foram transferidos para a PrEP oral e 8,3% iniciaram a terapia antirretroviral após adquirirem o HIV. Os principais motivos para a descontinuidade foram não se sentir em risco para o vírus, contrair hepatite B, gravidez e dores no local da injeção.

De acordo com os autores, o CAB-LA pode prevenir a aquisição do HIV por intermédio da captação e adesão à PrEP entre mulheres, jovens e outras populações em alto risco. Eles afirmam que é necessário um suporte laboratorial robusto para a triagem de elegibilidade à profilaxia em ambientes de poucos recursos, como ocorre em diversas cidades da Zâmbia.

Fonte: site da HIVR4P, de 8 de outubro de 2024.

(https://programme2024.hivr4p.org/Abstract/Abstract/?abstractid=1991)