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Vantagens e desvantagens percebidas da escolha de PrEP por jovens de minorias sexuais e de gênero no Brasil – um estudo qualitativo

A eficácia do cabotegravir injetável de longa duração (CAB-LA) como profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV em ensaios clínicos é bem conhecida. No entanto, pesquisas são necessárias para orientar estratégias eficazes para a implementação do medicamento em cenários do mundo real.

Estudo conduzido por Cristina Pimenta, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, no Rio de Janeiro, e demais pesquisadores*, buscou avaliar vantagens e desvantagens percebidas de diferentes opções de PrEP por jovens de minorias sexuais e de gênero no Brasil. A análise foi apresentada, em forma de pôster, na 5ª Conferência de Pesquisa em Prevenção do HIV (HIVR4P 2024), realizada, de 6 a 10 de outubro, em Lima, Peru.

O ImPrEP CAB Brasil é um estudo de implementação para a oferta imediata da PrEP injetável baseada no CAB-LA a jovens de minorias sexuais e de gênero (de 18 a 30 anos), em clínicas de saúde pública que também fornecem a modalidade oral da profilaxia em seis cidades brasileiras (Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, Manaus, Salvador e Campinas). Os participantes podem optar entre PrEP oral ou injetável.

Um subconjunto de voluntários foi convidado a participar de um estudo qualitativo após a escolha da modalidade da profilaxia. Entrevistas foram gravadas e transcritas, com a análise do conteúdo sendo utilizada para codificar categorias com base no processo de raciocínio indutivo.

No total, 37 pessoas foram entrevistadas (32 homens cisgênero que fazem sexo com outros homens, três mulheres transexuais e duas pessoas não binárias). Sessenta e dois por cento eram negros/pardos e 32% possuíam o ensino médio completo. A média de idade da amostra foi de 24 anos.

As vantagens percebidas na escolha da PrEP injetável foram: 1) conveniência de tomar as injeções uma vez a cada dois meses; 2) menos efeitos colaterais; 3) privacidade e redução do estigma por familiares e outros; e 4) maior confiança, segurança e proteção sem precisar utilizar medicamentos orais. As desvantagens: 1) medo de agulhas e injeções; 2) dor no local da injeção; 3) preocupação com a longa duração das consultas; e 4) suspeita de efeitos desconhecidos de longo prazo ou de desenvolvimento de resistência ao medicamento.

Entre os que escolheram a PrEP oral, foram percebidas as seguintes vantagens: 1) menos retornos para consultas (uma a cada três meses); 2) facilidade de tomar o medicamento em qualquer lugar; 3) não haver a necessidade de injeções; e 4) opção de interromper a profilaxia caso seja desejado ou preciso. As desvantagens: 1) dificuldade de lembrar o uso diário; 2) efeitos colaterais intestinais e náuseas; e 3) medo de julgamento de familiares e desconfiança de parceiros com a divulgação da pílula diária.

Segundo os autores, as descrições de vantagens e desvantagens da escolha de PrEP entre jovens de minorias sexuais e de gênero do Brasil demonstram a importância das informações fornecidas aos usuários, incluindo a percepção de benefícios clínicos, biológicos e sociais. Eles afirmam que esses dados podem ser utilizados para auxiliar os formuladores de políticas de saúde a desenvolver estratégias para apoiar a adoção e a adesão à profilaxia.

*Autores:

Cristina Pimenta, Claudio Mann, Cristina Jalil, Eduardo Castanheira, Lucilene Freitas, Nilo Fernandes, Marcos Benedetti, Roberta Trefiglio, Brenda Hoagland, Valdiléa Veloso, Beatriz Grinsztejn e Thiago Torres, todos dos Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil.