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Adesão ao tratamento do HIV apresenta queda após a introdução das diretrizes “Treat All”

A proporção de pacientes que vivem com HIV e estão em tratamento vem diminuindo desde 2015, quando o mesmo passou a ser recomendado para todas as pessoas que vivem com o vírus, de acordo com as diretrizes “Treat All” (recomendação da Organização Mundial da Saúde que indica tratamento para todos os pacientes, independentemente da contagem de CD4).

Essa foi a principal descoberta de um estudo, conduzido por Ellen Braseiro, da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, e outros pesquisadores, cujos resultados foram publicados, em 28 de junho de 2024, na revista Plos Medicine.

De 2010 a 2023, os investigadores analisaram dados observacionais de 66.963 pessoas que viviam com HIV, de 109 clínicas ou centros de saúde, localizados em 25 países. Quase 75% eram da África central ou oriental, 10% da região Ásia-Pacífico, enquanto os demais residiam na América Latina ou nos Estados Unidos. Cerca de 90% viviam em países de baixa ou média renda.

Pouco mais de dois terços dos participantes que iniciaram o tratamento do HIV o fizeram antes da adoção das diretrizes. Cerca de 70% dos países de baixa ou média renda adotaram o “Treat All” até 2017. No final de 2018, todos os países envolvidos no estudo já haviam feito o mesmo. Quase metade dos pesquisados realizava o tratamento em clínicas terciárias (de grande porte e com melhores recursos), 30% em centros públicos de saúde e 20% em clínicas distritais (de pequeno porte e com menos recursos).

Os pesquisadores concluíram que aproximadamente 50% dos pacientes que começaram o tratamento mantiveram a adesão durante os três primeiros anos, com essa proporção diminuindo ligeiramente após a adoção das diretrizes. Ao final de terceiro ano de tratamento, a adesão foi de 55% entre aqueles que o iniciaram antes do “Treat All” e de 46% entre os que o iniciaram depois. Cinco anos após o começo do tratamento, esses índices caíram para 52% e 41%, respectivamente.

Cerca de 80% dos voluntários não aderentes ao tratamento após o terceiro ano foram considerados como “perdidos para as clínicas”, o que significava não ter mais nenhum contato com suas clínicas ou centros de saúde originais. Os demais foram documentados como falecidos ou se mudaram para países que não participavam do estudo.

Segundo os autores, monitorar os resultados relativos ao vírus é essencial para resolver os problemas que impactam negativamente na adesão ao tratamento. Eles afirmam que manter a supressão viral e uma boa saúde mental em todos os pacientes deve ser uma meta prioritária dos programas de HIV.

Fonte: site da Plos Medicine, de 28 de julho de 2024.

(https://journals.plos.org/plosmedicine/article?id=10.1371/journal.pmed.1004367)