Desempenho de medidas indiretas de adesão à PrEP oral entre mulheres transgênero e HSH jovens na América Latina – o Estudo ImPrEP
Durante a na 25ª Conferência Internacional sobre AIDS (AIDS 2024), realizada em julho, em Munique, na Alemanha, o ImPrEP CAB Brasil organizou o simpósio satélite “Promovendo abordagens centradas nas pessoas para a oferta da PrEP: a experiência do projeto ImPrEP”, ocorrido no dia 23.
Entre os participantes estava Thiago Torres, pesquisador do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, que apresentou os resultados do estudo “Desempenho de medidas indiretas de adesão à profilaxia pré-exposição (PrEP) oral entre mulheres transgênero e jovens gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo homens (HSH) jovens na América Latina – o Estudo ImPrEP*”.
Ao iniciar sua apresentação, Thiago informou que a incidência do HIV foi elevada entre mulheres trans e jovens HSH, com dados coletados de 2018 a 2021. Em seguida, destacou que avaliar as medidas indiretas de adesão à PrEP, por meio de amostras de sangue seco e autorrelato, e identificar fatores relacionados à baixa adesão à PrEP entre mulheres trans e jovens HSH eram os principais objetivos do estudo.
De acordo com o pesquisador, a população da análise era formada por mulheres trans de variadas idades e jovens HSH de 18 a 24 anos. Pelo menos uma amostra de sangue seco foi colhida de cada um dos participantes ao longo do ensaio.
O estudo incluiu 2.096 voluntários. Desses, 96% eram HSH, 4% mulheres trans, 75% não brancos, com 70% tendo cursado o ensino superior. Entre as mulheres trans, 27% tinham de 18 a 24 anos, 77% eram pretas, pardas ou indígenas e 64% não frequentaram o ensino superior. O autorrelato de adesão à PrEP foi maior entre os jovens HSH.
A adesão considerada inadequada à PrEP, medida por de amostras de sangue seco, foi de 32%. Entre os jovens HSH, a adesão inadequada foi maior nos peruanos, e também entre os participantes do estudo que possuíam apenas o ensino primário, em pessoas com mais de 11 parceiros sexuais, em profissionais do sexo e em usuários de substâncias químicas.
Entre as mulheres trans, a adesão inadequada à PrEP foi maior entre participantes de 18 a 24 anos, em voluntários que tinham apenas o ensino primário, em pesquisados com mais de 11 parceiros sexuais e entre aqueles que praticavam sexo anal receptivo sem preservativo, sendo o Peru o país com maior índice de inadequação à profilaxia.
Segundo Thiago, a equipe do estudo concluiu que ambas as medidas indiretas – adesão autorrelatada e amostras de sangue seco – descriminaram adequadamente os níveis de proteção da PrEP entre as populações-chave do ImPrEP na América Latina. O pesquisador afirmou que determinantes sociais, como a educação, desempenham um papel importante na adesão à PrEP entre mulheres trans e jovens HSH e que a PrEP injetável de longa duração pode ser uma estratégia adequada para melhorar a adesão ao medicamento nessas populações.
*A primeira etapa do estudo ImPrEP, voltado exclusivamente à oferta da PrEP oral, ocorreu de 2018 a 2021, no Brasil, México e Peru.