AIDS 2024: Disparidades raciais na incidência do HIV e não adesão à PrEP entre HSH e mulheres transgênero que usam PrEP oral no Brasil – o Estudo ImPrEP
“Promovendo abordagens centradas nas pessoas para a oferta da PrEP: a experiência do projeto ImPrEP” foi o tema do simpósio satélite realizado pelo ImPrEP CAB Brasil, no dia 23 de julho, na 25ª Conferência Internacional sobre AIDS (AIDS 2024), realizada durante o mês de julho em Munique, na Alemanha.
O simpósio contou com a apresentação de Lucilene Freitas, pesquisadora do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, com o estudo “Disparidades na incidência do HIV e não adesão à profilaxia pré-exposição (PrEP) entre gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres transgênero que usam PrEP oral no Brasil – o Estudo ImPrEP*”.
Antes de Lucilene, que abriu a sessão, Valdiléa Veloso, diretora do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) e co-pesquisadora principal do ImPrEP CAB Brasil, e Draurio Barreira, diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, fizeram uma breve introdução dando boas-vindas aos participantes. O gerente do projeto, Marcos Benedetti, fez a mediação do encontro.
Lucilene iniciou sua apresentação destacando o objetivo principal da análise realizada. Segundo ela, a pesquisa buscou avaliar a incidência do HIV e os fatores relacionados à não adesão à PrEP entre as populações de HSH e de mulheres trans no Brasil, de acordo com a raça autorreferida dos participantes do estudo.
Em seguida, começou a apresentar os resultados da análise. A maior taxa de incidência do HIV foi registrada nos voluntários negros, seguidos por pardos e brancos. As taxas de não adesão à PrEP foram de 26,2% entre os negros, 24,2% entre os pardos e 18,7% entre os brancos.
Ao se investigar apenas as pessoas negras e pardas, as maiores taxas de não adesão à PrEP foram encontradas entre os participantes com menor grau de escolaridade e que relataram a prática de trabalho sexual. Quando os pesquisadores levaram em conta todos os voluntários do estudo, as taxas mais elevadas de não adesão à profilaxia foram registradas entre as mulheres trans e os mais jovens.
Entre as conclusões da pesquisa, Lucilene ressaltou existirem disparidades raciais na incidência do HIV entre as populações de HSH e de mulheres trans no Brasil. Destacou que o racismo tem um impacto estrutural nos resultados de saúde e nos determinantes sociais, além de reafirmar a necessidade urgente de elaboração de políticas públicas para mitigar as desigualdades raciais no país.
*A primeira etapa do estudo ImPrEP, voltado exclusivamente à oferta da PrEP oral, ocorreu de 2018 a 2021, no Brasil, México e Peru.