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HPTN 083-02 investiga adesão à PrEP injetável de longa duração

Subestudo do ensaio clínico HPTN 083, o HPTN 083-02 foi uma análise conduzida por Cristina Psaros, do Hospital Geral de Massachusetts, localizado em Boston, nos Estados Unidos, e outros pesquisadores*, que confirmou a preferência de homens cisgênero que fazem sexo com outros homens (HSH) e mulheres transgênero pela profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV na modalidade injetável de longa duração, quando comparada à PrEP oral diária. O trabalho, que também investigou fatores relacionados à adesão ao medicamento, teve seus resultados publicados, em 23 de maio de 2024, no Journal of International AIDS Society.

De novembro de 2019 a março de 2020, 4.566 voluntários de dois centros de estudos dos Estados Unidos (Chicago e Atlanta), um do Brasil (Rio de Janeiro), um da África do Sul (Cidade do Cabo) e um da Tailândia (Bangkok) foram selecionados para participar de entrevistas qualitativas individuais. Por meio das respostas, os participantes afirmaram preferir a PrEP injetável de longa duração e relataram experiências com testes de HIV, barreiras de adesão à profilaxia e outros fatores que podem ter impactado a implementação do medicamento.

A média de idade dos entrevistados foi de 27 anos, sendo cerca de 90% HSH e 60% negros/afro-americanos. As principais razões para a inclusão no estudo foram utilizar um medicamento que previne o HIV em oposição a realizar um tratamento após a infecção pelo vírus, o acesso a uma substância de prevenção totalmente nova e sem custos, e contribuir com as populações de HSH e de mulheres trans por meio de trabalhos científicos.

Os voluntários apontaram o aumento da flexibilidade de agendamento das visitas clínicas e o aconselhamento sem julgamento realizado pelos profissionais envolvidos na pesquisa como os principais facilitadores da adesão à PrEP. Os ambientes afirmativos (com mais compreensão e menos estigma) dos centros de estudos também foram positivamente destacados.

As experiências com as injeções foram consideradas satisfatórias. Alguns disseram sentir ansiedade precoce e um desconforto mínimo no local das aplicações. As principais barreiras à adesão encontradas incluíram fatores estruturais, como restrições financeiras e viagens, e exigências como horário de trabalho.

Os voluntários consideraram a participação em um estudo envolvendo a PrEP injetável de longa duração como uma experiência positiva. Os autores do trabalho afirmam que, apesar das importantes descobertas contidas nessa análise, as intervenções que abordam as barreiras estruturais de adesão à profilaxia precisam ser ainda mais eficazes.

*Autores:

Cristina Psaros (1), Geórgia Goodman(1), Jasper Lee (1), Whitney Rice (2), Colleen Kelley (2), Temitope Oyedele (3), Lara Coelho (3), Nittaya Phanuphak (4), Yashna Singh (5), Keren Middelkoop (5), Sam Griffith (6), Marybeth McCauley (6), James Rooney (7), Alex Rinhart (8), Jesse Clark (8), Viviane Go (9), Jeremy Sugarman (10), Sheldon Fields (11), Adeola Adeyeye (12), Beatriz Grinsztejn (3), Rafael Landovitz (13) e Steven Safren (14)

1 – Departamento de Psiquiatria, Hospital Geral de Massachusetts, Boston, EUA

2 – Departamento de Ciências Comportamentais, Sociais e da Educação em Saúde, Escola de Saúde Pública, Universidade Emory, Atlanta, EUA

3 – Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil

4 – Instituto de Pesquisa e Inovação em HIV, Bangkok, Tailândia

5 – Centro de HIV Desmond Tutu, Universidade da Cidade do Cabo, Cidade do Cabo, África do Sul

6 – Family Health International 360, Washington, EUA

7 – Gilead Sciences, Foster City, EUA

8 – ViiV Healthcare, Durham, EUA

9 – Departamento de Comportamento em Saúde, Escola de Saúde Pública Global Gillings, Universidade da Carolina do Norte, Chapel Hill, EUA

10 – Instituto de Bioética e Escola de Medicina Bermane, Universidade Johns Hopkins, Baltimore, EUA

11 – Faculdade de Enfermagem Ross and Carol Nese, Universidade do Estado da Pensilvânia, Universidade Park, Pensilvânia, EUA

12 – Escritório Nacional da Nigéria, Centros dos EUA para Controle e Prevenção de Doenças, Abuja, Nigéria

13 – Centro de Pesquisa e Educação Clínica sobre Aids, Escola de Medicina David Geffen, Universidade da Califórnia, Los Angeles, EUA

14 – Departamento de Psicologia, Universidade de Miami, Miami, EUA

Fonte: site do Journal of the International AIDS Society, de 23 de maio de 2024. (https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/jia2.26252#msdynttrid=pP5lEmGEVyfX6pOwh3RANP4f1Q2p2jGsGLnekwqudRM