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Jovens que adquiriram o HIV no período perinatal têm prevalência maior de doenças crônicas

Apresentado na 31ª Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI), realizada de 3 a 6 de março, em Denver, nos Estados Unidos, um estudo norte-americano descobriu que jovens que vivem com HIV desde o período perinatal (que se inicia na 22ª semana de gestação e termina no sétimo dia de vida do bebê) têm uma prevalência maior de complicações metabólicas, como colesterol e triglicerídeos elevados, além de outras doenças crônicas. O ensaio foi conduzido por Jason Haw, da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins, em Baltimore, nos Estados Unidos, e outros pesquisadores.

De 2010 a 2020, os investigadores avaliaram, por meio de dados de hospitais e clínicas particulares, 375 jovens norte-americanos, de 18 a 30 anos, que adquiriram o vírus no período perinatal. Esses participantes foram comparados a dois mil pacientes que foram divididos em três categorias distintas: HIV negativos, pessoas mais velhas (acima de 30 anos) que viviam com o vírus e jovens que viviam com HIV mas sofreram a soroconversão após o período perinatal.

A média de idade dos jovens que viviam com HIV desde o período perinatal era de 22 anos no momento da inclusão no estudo. Todos estavam em terapia antirretroviral há pelo menos um ano. A maioria (57%) tomava um inibidor da protease, enquanto 39% usavam um inibidor da integrase.

Durante o período de acompanhamento, 21% foram diagnosticados com diabetes, 40% apresentaram colesterol elevado, 50% desenvolveram triglicerídeos elevados, 22% tiveram hipertensão e 25% relataram doença renal crônica. Essas taxas foram consideradas significativamente altas pelos pesquisadores.

As incidências de colesterol e triglicerídeos elevados registradas entre os jovens que adquiriram o HIV no período perinatal foram até seis vezes maiores do que as observadas em jovens que também viviam com o vírus, mas que tiveram a soroconversão em outro momento. As incidências de diabetes e hipertensão foram 50% maiores em comparação com jovens HIV negativos, enquanto a prevalência de doença renal crônica foi quatro vezes superior a de pessoas mais velhas que viviam com o vírus.

A pesquisa também encontrou diferenças por raça e sexo entre os jovens que contraíram o HIV no período perinatal. As incidências de diabetes e hipertensão foram mais altas em homens negros e mulheres não negras, enquanto as prevalências de colesterol e triglicerídeos elevados foram maiores em mulheres não negras. Os participantes negros de ambos os sexos foram os que mais desenvolveram doença renal crônica.

De acordo com os autores, registrou-se uma alta incidência das doenças crônicas investigadas entre os jovens que viviam HIV desde o período perinatal. Eles afirmam que o rastreio precoce dessas comorbidades é fundamental para o reforço das estratégias de prevenção e o início do tratamento em tempo útil.

Fonte: site da CROI, de 6 de março de 2024.

(https://journals.lww.com/aidsonline/abstract/9900/incidence_of_non_aids_defining_comorbidities_among.464.aspx)