Apesar dos esforços para combater a epidemia de HIV na América Latina, novos casos de infecção pelo vírus continuam a aparecer na região, especialmente entre os jovens que pertencem à população de homens que fazem sexo com outros homens (HSH). Estudo conduzido por Thiago Torres, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI-Fiocruz), do Rio de Janeiro, e outros pesquisadores*, buscou avaliar se as características sociodemográficas estão associadas ao status positivo de HIV em jovens HSH de três países latino-americanos. A análise foi publicada, em 31 de julho de 2021, na revista BMC.

Por meio de aplicativos de namoro (Grindr e Hornet) e do Facebook (somente no Brasil), foram incluídos no estudo, de março a junho de 2018, 43.687 HSH, de 18 a 24 anos, que autodeclararam seus status de HIV. Os participantes residiam no Brasil (61%), no México (25,1%) ou no Peru (13,9%).

Entre todos os 43.687 HSH, 27.318 (62,5%) relataram seus status sorológicos. Desses, 7.001 (25,6%) eram jovens HSH. A maioria dos jovens HSH (83,4%) relatou ter realizado o teste de HIV no ano anterior à inclusão na análise. No total, 15,7% dos jovens HSH peruanos informaram viver com HIV, enquanto 8,4% dos jovens HSH mexicanos e 7,7% dos jovens HSH brasileiros fizeram o mesmo.

Após ajustes para renda e escolaridade, possuir uma renda considerada baixa foi associado a maiores chances de autorrelato de status positivo de HIV no Brasil e no Peru, mas não no México. Apresentar um menor grau de escolaridade foi associado a uma maior possibilidade de um autorrelato de status positivo de HIV no Brasil, mas não no México e no Peru.

De acordo com os autores, a taxa de jovens HSH vivendo com HIV registrada na pesquisa foi considerada elevada. Eles afirmam que há a necessidade urgente de intervenções de prevenção do HIV dirigidas ao público de jovens HSH na América Latina, especialmente entre os que possuem um baixo rendimento econômico no Brasil e no Peru.

Link para o artigo:  https://bmcinfectdis.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12879-021-06455-3

*Autores:

Thiago Torres (1), Lara Coelho (1), Kelika Konda (2), Hamid Vega-Ramirez (3), Oliver Elorreaga (2), Dulce Diaz-Sosa (3), Brenda Hoagland (1), Cristina Pimenta (4), Marcos Benedetti (1), Beatriz Grinsztejn (1), Carlos Cáceres (2) e Valdiléa Veloso (1)

1 – Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil

2 – Universidade Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru

3 – Instituto Nacional de Psiquiatria Ramon de La Fuente Muñiz, Cidade do México, México

4 – Ministério da Saúde, Brasília, Brasil

Fonte: site da BMC, de 31 de julho de 2021.