IAS 2019: Avaliação qualitativa da implementação da PrEP no Brasil – ImPrEP stakeholders
Na seção “Pare de se preocupar com a definição e comece a trabalhar! Estudos de implementação para aplicação de políticas e programas em escala”, promovida pela Conferência da International AIDS Society 2019, realizada na Cidade do México, em julho, a coordenadora do projeto ImPrEP, Cristina Pimenta, apresentou de forma oral os resultados iniciais do estudo qualitativo conduzido com atores-chave da PrEP, para obter informações sobre fatores facilitadores e barreiras para sua implementação em um contexto de programas de saúde pública. Autores do trabalho ao final*.
A PrEP tornou-se disponível no Brasil em 2018 para populações com risco substancial de infecção pelo HIV como uma ferramenta adicional de prevenção sob uma estratégia de prevenção combinada. Há escassa evidência qualitativa em torno da implementação da PrEP globalmente. No estudo, baseado em entrevistas estruturadas e aprofundadas realizadas face a face em seis capitais que implementam o ImPrEP, foram coletadas visões, percepções e experiências sobre incorporação de serviços de PrEP e PEP(profilaxia pós-exposição).
O trabalho buscou extrair, por meio de 60 entrevistas, significados, percepções e preocupações acerca da política de PrEP, suas concepções relacionadas e experiências dos principais gestores de programas de HIV, profissionais de saúde, líderes da sociedade civil e usuários da PrEP como interlocutores da implementação da política da profilaxia.
Todos os gerentes de serviços de saúde, profissionais de saúde, líderes comunitários e usuários da PrEP entrevistados expressaram conhecimento prévio da profilaxia. O estigma e a discriminação foram citados como o principal obstáculo para a maioria das populações vulneráveis acessar os serviços da PrEP. Prestadores de serviços e líderes comunitários destacaram que as pessoas trans são as que menos frequentam os serviços de PrEP.
Existe um consenso narrativo que combina a prevenção do HIV, incluindo a PrEP, como um avanço na política de saúde pública. Um aspecto enfatizado pelos profissionais de saúde e gerentes de serviços foi que a PrEP coloca a prevenção do HIV sob o controle do indivíduo. Os resultados do estudo indicam que o aumento de escala da PrEP dentro de um contexto de saúde pública tem necessidades culturalmente específicas a serem abordadas.
Para conhecer o conteúdo da apresentação, acesse http://programme.ias2019.org/Programme/Session/146
*Autores do estudo:
Cristina Pimenta (1), X.P. Bermúdez (2), A.M. Godoi (2), Marcos Benedetti (3), Ivia Maksud (4), A. Martins (2), B. Lopes (2), Beatriz Grinsztejn (3) e Valdiléa Veloso (3)
(1)Universidade Veiga de Almeida e Ministério da Saúde – Brasil;
(2) Universidade de Brasília, Brasil;
(3) Fiocruz – Brasil.