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Idosos que vivem com HIV tendem a tomar medicamentos desnecessários

Muitas vezes, pessoas idosas que vivem com HIV utilizam medicamentos não relacionados diretamente ao tratamento do vírus de forma desnecessária ou inapropriada, que podem desencadear efeitos adversos, como quedas, confusões mentais e até levar à morte. Essa foi a principal conclusão de um estudo de metanálise, conduzido por Manuel Pallarés, do Hospital Universitário Ramón y Cajal, em Madrid, na Espanha, e outros pesquisadores, publicado, em 15 de dezembro de 2023, no Journal of Acquired Immune Deficiency Syndromes.

De 2010 a 2022, os pesquisadores identificaram 39 estudos relevantes sobre o tema, quase todos realizados no continente europeu e com uma quantidade mínima de 100 participantes. A maioria dos voluntários era do sexo masculino e a idade mínima registrada nas análises foi de 50 anos.

Três pesquisas receberam atenção especial dos investigadores. Um ensaio suíço, que reuniu 122 idosos locais, descobriu que 31% tomavam pelo menos um medicamento potencialmente inapropriado. Os mais relatados foram as benzodiazepinas (usadas para o tratamento da síndrome de ansiedade depressiva) e hipnóticos (comumente utilizados como indutor do sono).

No Reino Unido e na Irlanda, o estudo POPPY, realizado com 699 idosos, todos com mais de 60 anos, concluiu que 28% dos voluntários tomavam desnecessariamente medicamentos anticolinérgicos (indicado para disfunção urinária, úlcera péptica, síndrome do intestino irritável e doença de Parkinson). Outros 20% faziam uso inapropriado de benzodiazepinas e do antidepressivo citalopram.

A última análise destacada pelos pesquisadores ocorreu na Espanha e teve a participação de 2.511 idosos. Nela, constatou-se que pouco mais de 20% dos voluntários utilizavam medicamentos desnecessários e, desses, 45% tomavam anticolinérgicos ou alguma substância com efeito sedativo. Algumas das substâncias inapropriadas foram associadas a alto risco de fragilidade física acentuada, quedas, confusão mental, além de desfechos mais graves, como a morte.

De acordo com os autores, os medicamentos inapropriados mais encontrados nessa metanálise foram as benzodiazepinas, como o lorazepam e o diazepam, seguidos pelos anticolinérgicos. Eles informam que, em 2019, autoridades de saúde da União Europeia incluíram as benzodiazepinas em uma lista das “dez principais classes de medicamentos a serem evitadas por pessoas idosas que vivem com HIV”.

Fonte: site do Journal of Acquired Immune Deficiency Syndromes, de 15 de dezembro de 2023.

(https://journals.lww.com/jaids/abstract/2023/12150/potentially_inappropriate_prescribing_in_older.9.aspx)