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O impacto da PrEP injetável de longa duração entre HSH em países de alta renda

Os estudos HPTN 083 e 084 demonstraram preferência e eficácia maiores do cabotegravir injetável de longa duração (CAB-LA), como profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV, em relação à modalidade oral diária com tenofovir e entricitabina (TDF/FTC). Tal resultado se deve especialmente ao fato de o CAB-LA, também conhecida como PrEP injetável, solucionar algumas barreiras de adesão associadas à PrEP oral. Dado esse resultado positivo em ensaios clínicos, outros estudos buscam prever os impactos de seu uso em situações do mundo real.

Um artigo publicado na edição de julho de 2023 do periódico Journal of the International AIDS Society avaliou o impacto potencial do CAB-LA entre gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) em três locais de países de alta renda – Atlanta (EUA), Montreal (Canadá) e Países Baixos. Para efeito de comparação, foram escolhidos locais com alta incidência de HIV entre HSH (Atlanta) em contraponto com locais com baixa incidência (Montreal e Países Baixos).

Conduzido por Sarah Stansfield, do Fred Hutchinson Cancer Center, em Seattle (EUA), e outros autores, o estudo avaliou o efeito da inclusão do CAB-LA como opção à PrEP oral em um período de 20 anos (2022-2042). Foram criados modelos de transmissão de HIV levando em conta a incidência do vírus em cada local.

Além disso, usou-se como cenário inicial a cobertura da PrEP com TDF/FTC no ano de 2022: 29% em Atlanta, 7% em Montreal e 4% nos Países Baixos. A porcentagem de cobertura da PrEP se refere à quantidade de HSH fazendo uso da profilaxia em relação ao total de HSH para quem ela é indicada.

Um dos resultados mais importantes da análise foi constatar que a expansão da PrEP com a inclusão do CAB-LA evitaria uma quantidade significativa de novas infecções em locais onde a cobertura do TDF/FTC e a incidência de HIV já são altos. Em Atlanta, expandir a porcentagem de cobertura da profilaxia em 11 pontos, de 29% para 40%, evitaria 36% de novas infecções até 2042.

No entanto, em locais com baixa incidência de HIV, seria necessária uma expansão significativamente maior de cobertura da PrEP com CAB-LA  para se obter o mesmo resultado de infecções evitadas. Para se alcançar em Montreal, até 2042, os mesmos 36% de infecções evitáveis em Atlanta, demandaria um aumento de 33 pontos (a taxa de cobertura passaria então de 7% para 40%); e no caso dos Países Baixos, um aumento de 26 pontos à taxa de cobertura atual (de 4% para 30%).

Outro resultado importante do estudo foi apontar que, em locais com alta incidência de HIV, o aumento de cobertura da PrEP com CAB-LA reduziria fortemente a desigualdade racial de acesso à PrEP. HSH jovens e/ou negros tendem a ter mais dificuldades de adesão à modalidade oral da profilaxia, fazendo da opção injetável uma eficaz estratégia de prevenção entre esses grupos.

Link para o artigo: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/jia2.26109