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Na era Ômicron, pessoas com HIV continuam com maior risco de morte por Covid-19

Resultados de um estudo apontam que as mortes por Covid-19 caíram de forma muito menos acentuada em pessoas que vivem com HIV, em comparação com o restante da população, desde a chegada da variante Ômicron . A análise, liderada por Silvia Bertagnolio, da Organização Mundial da Saúde (OMS), localizada em Genebra, Suíça, e demais colaboradores*, foi apresentada na 12ª Conferência da International Aids Society sobre Ciência do HIV (IAS 2023), realizada em julho na Austrália.

De abril de 2020 a maio de 2023, os pesquisadores analisaram a Plataforma Clínica Global da OMS, que reuniu 821.331 casos de crianças e adultos hospitalizados por Covid-19 em 42 países. Foi usada a regressão de Cox para avaliar as associações da infecção pelo HIV com a mortalidade nas ondas das variantes pré-Delta, Delta e Ômicron.

As pessoas que viviam com HIV tiveram um risco 54% maior de mortalidade durante a onda da variante pré-Delta, 56% maior na onda da variante Delta e 142% maior na onda da variante Ômicron quando comparadas com indivíduos sem o vírus. O risco de morte dos pacientes que apresentavam uma contagem de CD4 abaixo de 200 células/mm³ foi ainda mais elevado.

Embora a taxa de mortalidade entre as pessoas HIV negativas tenha diminuído de 21% na onda da variante Delta para 7,9%, na onda da variante Ômicron a redução entre aquelas que viviam com HIV foi bem mais modesta (de 25% para 18%). A diminuição das mortes foi ainda menos aparente entre os que registravam contagem de CD4 menor que 200 células/mm³.

Os indivíduos com HIV que tomaram pelo menos uma dose da vacina contra a Covid-19 apresentaram um risco de óbito 39% menor durante a onda da variante Delta e 38% menor durante a onda da variante Ômicron em comparação com as pessoas que viviam com o vírus e que não se vacinaram nenhuma vez.

Na opinião dos autores, embora o risco de mortalidade tenha diminuído drasticamente entre os indivíduos HIV negativos durante a onda da variante Ômicron, foi observada uma redução muito menor desse risco entre os que viviam com o vírus. Eles reafirmam a necessidade da vacinação de reforço para pacientes com comorbidades, incluindo as pessoas com HIV.

*Autores:

Silvia Bertagnolio 1, S. Inzaule 1, R. Silva 2, S..S Thwin 2, W. Jassat 3, N. Ford 3, M. Vitoria 1, M. Doherty 1, J. Diaz 4

1 Organização Mundial da Saúde, Departamento de Programas Globais de HIV, DST e Hepatite, Genebra, Suíça 

2 Organização Mundial da Saúde, Departamento de Saúde e Pesquisa Sexual e Reprodutiva, Genebra, Suíça

3 Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis, Joanesburgo, África do Sul 

4 Organização Mundial da Saúde, Departamento de Fortalecimento da Preparação dos Países, Programa de Emergências Sanitárias, Genebra, Suíça

Fonte: site da IAS 2023, de 26 de julho de 2023.

(https://programme.ias2023.org/Abstract/Abstract/?abstractid=5988)