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Incidência de gravidez e fatores associados entre mulheres com HIV no Rio de Janeiro é tema de estudo do INI/Fiocruz

As terapias antirretrovirais (TARV) não apenas aumentam e melhoram a qualidade de vida de pessoas vivendo com HIV, como também reduzem as chances de transmissão vertical do vírus (da mãe para o filho). No entanto, dados e pesquisas sobre a incidência de gravidez entre mulheres com HIV são escassos.

Artigo assinado por Rosa Domingues e outros pesquisadores do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz-RJ)*, e publicado na edição 39, de 2023, dos Cadernos de Saúde Pública, buscou contribuir para suprir essa lacuna a partir de uma coorte de mulheres que vivem com HIV que frequentaram o INI de 1996 a 2016. Mulheres de 18 a 49 anos que não estavam na menopausa (natural ou cirúrgica) e não haviam realizado laqueadura tubária foram consideradas elegíveis.

No total, 753 mulheres foram selecionadas para a análise. Foram registradas 194 gestações em 178 participantes, com uma taxa de incidência de 4,01/100 pessoas-ano. Dentre essas gestações, 68% tiveram como desfecho o parto, sendo 16,9% por parto vaginal e 48,9% por cesariana.

Os autores apontam que alguns fatores estiveram associados a uma maior incidência de gravidez, como contagem de CD4≥ 350 células/mm3, gravidez anterior na adolescência e adotar uma modalidade de TARV sem uso do medicamento Efavirenz. Por sua vez, uma menor incidência foi registrada em mulheres com carga viral ≥ 50 cópias/mL, idade ≥ 35 anos, já tendo dois ou mais filhos e que usavam método contraceptivo eficaz.

Também foi observada uma redução na esterilização feminina e uma alta taxa de cesarianas, especialmente de 2000 a 2006, embora o número de cesarianas tenha se mantido estável depois desse período até 2016. Foi registrada, ainda, uma redução na incidência de gestações após o ano de 2006 – esse resultado, no entanto, não foi interpretado como relacionado diretamente à TARV, mas como um reflexo de uma menor taxa no padrão de fecundidade no país a partir de 2006.

Entre as conclusões da análise, está a associação entre a incidência da gravidez e a utilização de métodos contraceptivos como sinais de uma boa integração entre os serviços de cuidados de HIV e os serviços de saúde sexual e reprodutiva. No entanto, a alta taxa de cesariana foi entendida como indicativa da necessidade de se melhorar a assistência durante o parto.

Link para o artigo: https://www.scielo.br/j/csp/a/s7KKCXnfmvnc9WPVVLZYKXf/?format=pdf&lang=en

Autores do artigo:

Rosa Domingues, Marcel Quintana, Lara Coelho, Ruth Friedman, Angela Rabelo, Vania Rocha e Beatriz Grinsztejn, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil.