Lenacapavir injetável pode ser opção de tratamento semestral do HIV
O lenacapavir injetável, tomado a cada seis meses em combinação com um par de anticorpos amplamente neutralizantes, pode se constituir em um novo regime completo de tratamento do HIV. Essa foi a principal descoberta de um estudo conduzido por Joseph Eron, da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, apresentado na 30ª Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI), realizada de 19 a 22 de fevereiro de 2023, em Seattle, nos Estados Unidos.
O ensaio de fase Ib, ocorrido de 2021 a 2022, inscreveu 124 norte-americanos que viviam com HIV e estavam em terapia antirretroviral (TARV). Para participar da pesquisa, era necessário apresentar supressão viral há pelo menos 18 meses e uma contagem de CD4 acima de 500 células/mm³. Todos foram previamente testados para garantir a sensibilidade do HIV aos anticorpos neutralizantes.
Com exceção de três pessoas do sexo feminino, os demais voluntários eram homens, a maioria branca, com mediana de 44 anos. Os participantes haviam sido diagnosticados com HIV há aproximadamente 8,2 anos e estavam em TARV por, em média, 2,6 anos.
A análise durou 52 semanas, com a carga viral e a contagem de CD4 sendo medidas a cada 28 dias. Durante o período de acompanhamento, 90% dos indivíduos mantiveram a supressão viral. Um participante decidiu que preferia tomar os comprimidos e desistiu do estudo na 12ª semana. Uma pessoa experimentou rebote viral que foi reprimido com o retorno ao seu regime basal. As contagens de CD4 permaneceram estáveis.
O tratamento se mostrou seguro e bem tolerado. Não foram registrados eventos adversos graves. Os efeitos colaterais mais comuns foram dor, vermelhidão, inchaço ou nódulos no local da aplicação da injeção. Em todos os casos, os sintomas desapareceram em poucos dias.
“Esse estudo demonstrou que uma combinação de lenacapavir com anticorpos neutralizantes é capaz de sustentar a supressão viral em pessoas que vivem com HIV” afirmam os autores. Segundo eles, o medicamento tem condições de se tornar mais uma importante ferramenta na luta contra o vírus.
Fonte: site da CROI, de 3 de março de 2023.