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Fibrose hepática em mulheres que vivem com HIV pode não melhorar após cura da hepatite C

De acordo com o Women’s Interagency HIV Study, realizado com mulheres que vivem com HIV nos Estados Unidos, os marcadores de fibrose hepática param de cair cerca de um ano após a cura da hepatite C. Os resultados desafiam a tese de que a maioria das pessoas com a doença pode esperar uma melhora a longo prazo na saúde do fígado e destacam a necessidade de um acompanhamento contínuo. A análise, conduzida por Annelys Gardner, da Universidade de Atlanta (EUA), foi publicada, em 11 de outubro de 2022, no Journal of Infectious Diseases.

O estudo recruta mulheres que vivem com HIV desde 1994 e as monitora a cada seis meses. Ao investigar a evolução da fibrose hepática nas participantes submetidas ao tratamento da hepatite C, os pesquisadores identificaram 116 voluntárias que haviam tomado antivirais de ação direta para a doença e tiveram pelo menos uma consulta nos dois anos anteriores ao início do tratamento e duas visitas nos dois anos após o término do mesmo.

A população da pesquisa era predominantemente negra (68%) e a contagem média de CD4 estava acima de 500 cópias/mmᶾ. Quase 90% tomavam medicamentos antirretrovirais e aproximadamente 75% apresentavam carga viral indetectável.

Os pesquisadores calcularam uma pontuação de fibrose hepática aprimorada medindo os níveis de dois biomarcadores de crescimento e remodelação de proteínas hepáticas. Quando os níveis dessas proteínas eram altos, a lesão hepática e a inflamação causavam fibrose. Também foram calculados os escores APRI e FIB-4 para fibrose, usando medições de enzimas hepáticas e plaquetas, a fim de verificar se a trajetória das medições era semelhante para cada um dos métodos de pontuação.

Ao comparar as mudanças nas pontuações de fibrose hepática nos seis meses após o final do tratamento e no período de seis meses a dois anos após a cura da doença, os pesquisadores descobriram que, embora as pontuações caíssem acentuadamente nos primeiros seis meses (50% no APRI e 15% no FIB-4), a queda no período subsequente foi considerada insignificante (3% no APRI e 1,6% no FIB-4). Os escores de fibrose hepática aprimorada também confirmaram tal tendência.

Os autores afirmam que outros estudos de longo prazo são necessários para avaliar se a fibrose hepática em pessoas que vivem com HIV continua a diminuir de forma consistente ou de fato atinge um platô após a cura da hepatite C. “O monitoramento contínuo da função hepática e as intervenções para mitigar sua progressão permanecem essenciais nessa população”, finaliza Gardner.

Fonte: site do Journal of Infectious Diseases, de 11 de outubro de 2022.

(https://academic.oup.com/jid/advance-article-abstract/doi/10.1093/infdis/jiac315/6650396?redirectedFrom=fulltext&login=false)