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Desigualdades raciais e regionais na oferta da PrEP pioraram nos EUA na última década

De acordo com estudo apresentado na 24ª Conferência Internacional de AIDS (AIDS 2022), realizada em Montreal, Canadá, de 29 de julho a 2 de agosto, as desigualdades na oferta da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV – tanto em termos de raça quanto de localização geográfica – não apenas persistiram, mas também aumentaram na última década nos Estados Unidos. O ensaio foi conduzido por Patrick Sullivan, da Emory University, em Atlanta.

Ao investigar quem estava acessando a profilaxia, os pesquisadores utilizaram dados de farmácias comerciais de todas as regiões do país, obtidos pelo Censo Demográfico local, entre 2012 e 2021. Informações sobre raça e etnia estavam disponíveis para 124.835 usuários de PrEP no último ano. Sullivan e colegas presumiram que as distribuições raciais e étnicas eram as mesmas entre aqueles que tomavam o medicamento, mas estavam com dados incompletos.

Para determinar se o acesso à PrEP era equitativo, os pesquisadores calcularam a Razão PrEP-Necessidade (PnR), número de usuários da profilaxia dividido pela quantidade de novos diagnósticos de HIV naquele grupo no mesmo ano. Para 2020 e 2021, o número de novos diagnósticos utilizado foi o de 2019, o último ano com informações disponíveis.

A PnR revelou desigualdades na oferta de PrEP por raça e região que pioraram ao longo do tempo. Em todas as regiões, na última década, a PnR para pessoas brancas aumentou muito mais rapidamente do que para outros grupos raciais ou étnicos, indicando uma lacuna na aceitação da profilaxia.

Em regiões como o nordeste norte-americano, houve uma lacuna particularmente grande, indicando que aqueles que acessavam a PrEP com maior frequência não eram os que mais precisavam dela. Por exemplo, 47 pessoas brancas tomavam o medicamento para cada novo diagnóstico de HIV entre brancos, enquanto 4,5 negros faziam uso da profilaxia para cada novo caso do vírus entre negros. Na região sul, a PnR para todos os grupos é menor do que em outras regiões, configurando uma desigualdade regional entre grupos raciais e étnicos.

De acordo com os autores, a equidade foi claramente estratificada por raça, com pessoas brancas acessando o medicamento com uma frequência muito maior. Em seguida vieram os hispânicos e, por último, os negros.

“Os programas de prevenção devem ser guiados pela equidade e não pela igualdade na oferta de PrEP, em que o uso do medicamento é igual em diferentes grupos independentemente da proporção de novos diagnósticos de HIV”, concluiu Sullivan. Ainda segundo o pesquisador, programas melhores são urgentes para fornecer a profilaxia a comunidades e grupos étnicos com elevado risco de infecção.

Fonte: site da AIDS 2022, de 29 de julho de 2022.

(https://programme.aids2022.org/Abstract/Abstract/?abstractid=12943)