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Inibidores da integrase podem aumentar o risco de doenças cardiovasculares durante primeiros anos de uso

Um estudo, realizado na Europa, Austrália e Argentina, concluiu que o tratamento do HIV com um inibidor da integrase foi associado ao risco aumentado de ataque cardíaco e acidente vascular cerebral durante os dois primeiros anos do uso do medicamento. A pesquisa, liderada por Bastian Neesgard, da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, foi publicada, em 7 de junho na revista The Lancet HIV.

Entre 2012 e 2020, foi analisada a incidência de eventos cardiovasculares em 29.340 voluntários. Pessoas vivendo com HIV eram elegíveis para inclusão se não tivessem tomado um inibidor da integrase antes do primeiro ano do estudo e se apresentassem contagem basal de CD4 e carga viral disponíveis.

A população do ensaio tinha uma idade média de 44 anos. Vinte e cinco por cento eram do sexo feminino, 69% brancos, 10% negros, 43% moravam na Europa Ocidental, 24% no norte da Europa e Austrália, 22% no sul da Europa e Argentina e 9% na Europa Oriental. Pouco menos da metade (45%) eram gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens, 34% heterossexuais e 13% usavam drogas injetáveis.

Os participantes foram acompanhados por, em média, 6,6 anos e 47% receberam tratamento contendo um inibidor da integrase durante esse período. Desses, 61% tomaram dolutegravir, 23% bictegravir, 23% raltegravir e 6% elvitegravir (alguns receberam mais de um inibidor durante o tratamento). Cerca de 24% dos voluntários não receberam nenhum tratamento antirretroviral no início do estudo.

Durante o período de acompanhamento, 748 pessoas (2,5%) apresentaram um evento cardiovascular, o que representou uma taxa de incidência de 4,67 por 1.000 pessoas-ano. As ocorrências foram significativamente mais comuns em participantes com maior risco previsto de doença cardiovascular e em voluntários com idade mais avançada.

Os pesquisadores também analisaram a associação entre o tempo de uso do inibidor da integrase e o aumento do risco de eventos cardiovasculares. Eles observaram que a elevação do risco foi maior nos primeiros seis meses. Os usuários do medicamento apresentaram um risco aumentado de doença cardiovascular de 85% durante esse período, 46% maior entre o sétimo e o décimo-segundo mês e 19% maior entre o décimo-terceiro e vigésimo-quarto mês. Após dois anos, os inibidores da integrase não foram associados a eventos cardiovasculares.

Para os autores, há necessidade de novos estudos para confirmar ou refutar as descobertas, principalmente em razão da dependência global do dolutegravir e do bictegravir como pilares da terapia antirretroviral ao HIV. De acordo com eles, ainda não existem outras alternativas igualmente seguras e eficazes para serem utilizadas em pessoas que vivem com HIV.

Fonte: site da revista The Lancet HIV, de 7 de junho de 2022.

(https://www.thelancet.com/journals/lanhiv/article/PIIS2352-3018(22)00094-7/fulltext)