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Estudo investiga função renal em usuários de PrEP à base de TDF

As orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre a profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV oral à base de fumarato de tenofovirdesoproxila (TDF) sugerem medir os níveis de creatina no início do tratamento e, depois, de forma regular – o que pode representar uma barreira à implementação e aceitação da profilaxia. O nível de creatinina investiga a função renal do usuário. Estudos anteriores com a droga TDF sugerem que seu uso prolongado pode ter implicações na função renal. O estudo conduzido por Robin Schaefer, do Programa Global de HIV, Hepatite e IST, da OMS, buscou revisar sistematicamente a literatura sobre a toxicidade renal da PrEP e conduzir uma metanálise de dados de participantes individuais (IPDMA) sobre a função renal entre os usuários do medicamento. O ensaio foi publicado, em 7 de março de 2022, na revista The Lancet HIV.

Foram pesquisados, até junho de 2021, ensaios clínicos randomizados (utilizados para testar a eficácia de uma abordagem terapêutica em uma população de pacientes ou para coletar informações sobre efeitos secundários de um determinado tratamento) ou estudos de coorte (estudos observacionais nos quais os indivíduos são classificados segundo o status de exposição e acompanhados para avaliar a incidência de uma doença em determinado período de tempo) que relataram eventos adversos relacionados ao rim entre usuários da PrEP oral. Dados resumidos foram extraídos e realizadas metanálises com modelos de efeitos aleatórios para estimar os riscos relativos de eventos adversos de graus 1 e 2, medidos por creatina sérica elevada, declínio na depuração de creatina estimada ou taxa de filtração glomerular estimada.

O IPDMA incluiu 18.676 pessoas de 15 países. Setenta e nove (0,42%) dos participantes tiveram uma depuração de creatina estimada de base inferior a 60ml/min, sinalizando um possível efeito colateral no rim. Analisaram-se dados de participantes individuais de 17 projetos de implementação de PrEP e de dois ensaios clínicos randomizados. A depuração de creatina basal estimada e a alteração da depuração de creatina após o início do uso da profilaxia foram descritas por idade, sexo e comorbidades. Foram usadas regressões de efeitos aleatórios para estimar o risco de declínio da depuração de creatina para um nível menor de 60ml/min.

O uso de PrEP oral foi associado a um risco aumentado de eventos adversos renais de grau 1 e grau 2, embora a associação de grau 2 não tenha sido estatisticamente significativa e os eventos fossem raros. As análises longitudinais (estudos observacionais que coletam dados qualitativos e quantitativos, e são responsáveis pelo uso de medidas contínuas ou repetidas para rastrear indivíduos por um período prolongado de tempo, geralmente anos ou décadas)incluíram 14.368 usuários da profilaxia. Trezentos e quarenta e nove (2,43%) indivíduos tiveram um declínio para menos de 60ml/min de depuração de creatina, com maiores riscos associados ao aumento da idade e depuração de creatina basal de 60 a 89,99ml/min e menos de 60ml/min.

Os ensaios clínicos randomizados sugerem que os riscos de eventos adversos ligados ao rim entre usuários de PrEP oral à base de fumarato de tenofovirdesoproxila são aumentados, mas geralmente leves e pequenos. Essa análise global de usuários da profilaxia encontrou riscos variados por idade e depuração de creatina basal. A triagem e o monitoramento da função renal podem se concentrar em indivíduos mais velhos, aqueles com depuração de creatina basal inferior a 90ml/min e aqueles com comorbidades relacionadas ao rim. O estudo aponta que uma triagem menos frequente ou opcional entre pessoas mais jovens sem comorbidades ligadas ao rim pode reduzir as barreiras em relação à implementação e uso da PrEP.

Fonte: Site do The Lancet HIV, de 7 de março de 2022.

(https://www.thelancet.com/journals/lanhiv/article/PIIS2352-3018(22)00004-2/fulltext#%20