HIV, IST e Outros

Rastreamento e tratamento precoce reduzem risco de câncer anal em pessoas vivendo com HIV

De acordo com o estudo ANCHOR, liderado por Joel Palefsky, da Universidade da Califórnia – São Francisco (EUA), e apresentado em forma de pôster na 24ª Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI 2022), realizada virtualmente de 12 a 24 de fevereiro, o rastreamento de alterações pré-cancerosas de células anais e seu tratamento precoce reduzem o risco de câncer anal em pessoas vivendo com HIV. Esse tipo de câncer, embora incomum na população em geral, tem apresentado aumento do número de casos desde a década de 1970.

O ANCHOR teve como objetivo determinar se o tratamento de HSIL anal (lesão intraepitelial de alto grau) pode reduzir a incidência de câncer anal em pessoas que vivem com HIV. O estudo também analisou se esse procedimento é seguro. Foram recrutadas pessoas com exame positivo para o HIV, com mais de 35 anos, em 15 cidades dos Estados Unidos. Na entrada do estudo elas foram examinadas para o HSIL usando uma técnica chamada anoscopia de alta resolução, na qual uma lupa é utilizada para examinar o canal anal. Se houvesse alguma suspeita de HSIL, uma amostra de biópsia era coletada e encaminhada para análise.

Um total de 10.723 pessoas que viviam com HIV foi rastreado de setembro de 2014 a agosto de 2021. Mais da metade (53% dos homens, 46% das mulheres e 63% de pessoas trans) tinham HSIL no início do estudo. Dezessete foram diagnosticadas com câncer anal pré-existente. Quatro mil quatrocentos e quarenta e seis participantes com HSIL aceitaram continuar no estudo e foram aleatoriamente designados para o braço de tratamento precoce (2.227 pessoas) ou para o braço de monitoramento ativo (2.219 pessoas). A mediana de idade dos voluntários randomizados era de 51 anos e viviam com HIV por, em média, 17 anos. A maioria (80%) era de homens, 16% mulheres e 3% pessoas trans. Mais de 80% estavam em tratamento antirretroviral com carga viral indetectável.

Nove pessoas no braço de tratamento precoce e 21 no braço de monitoramento ativo foram diagnosticadas com câncer anal, refletindo uma redução de 57% no grupo de tratamento. A incidência de câncer anal foi de 173 casos por 100 mil pessoas-ano de acompanhamento no grupo de tratamento precoce contra 402 casos no grupo de monitoramento ativo.

“Essas descobertas apoiam a inclusão da triagem de rotina e do tratamento de HSIL como parte do padrão de atendimento para pessoas que vivem com HIV”, disse Palefsky. Os resultados também devem incentivar os sistemas de saúde e as seguradoras a cobrir o custo desses procedimentos.

Fonte: site da CROI, de 17 de fevereiro de 2022.

(https://www.croiconference.org/abstract/treatment-of-anal-high-grade-squamous-intraepithelial-lesions-to-prevent-anal-cancer/)