Um terço dos homens vivendo com HIV não tem conhecimento do seu status sorológico na África Subsaariana
Muitos homens na África Subsaariana podem ter o HIV sem estar cientes disso. Essa é a principal conclusão de estudo conduzido por Christine West (Centro de Saúde Global – CDC) e outros colaboradores e publicado em agosto de 2021 no Journal of Acquired Immune Deficiency Syndrome. A análise é fruto de pesquisas domiciliares realizadas de 2015 a 2019 em Camarões, Costa do Marfim, Etiópia, Quênia, Lesoto, Eswatini, Malauí, Namíbia, Ruanda, Tanzânia, Uganda, Zâmbia e Zimbábue.
Cerca de 115 mil homens foram entrevistados e testados para o HIV. Para garantir que os participantes realmente não estivessem cientes de seu status sorológico, aqueles que testaram positivo também foram testados para medicamentos antirretrovirais para o HIV de primeira e segunda linha em cada país. Os participantes que apresentavam níveis desses medicamentos no organismo foram considerados como cientes de seu status. No total, 4,4% dos respondentes eram homens que viviam com HIV. Desses, 34% desconheciam tal condição.
O risco de receber um resultado soropositivo e de não estar ciente era cerca do dobro do provável naqueles com baixa educação em comparação com aqueles com educação pós-primária. Homens em faixas etárias mais velhas (especialmente de 35 a 44 anos) apresentavam probabilidade maior de ter o HIV não diagnosticado do que homens de 15 a 24 anos. Homens que tinham um ou mais parceiros sexuais vivendo com HIV, ou parceiros sexuais com status de HIV desconhecido, tinham risco maior de ter o vírus e de não ter conhecimento a respeito, do que homens com parceiros sexuais HIV negativo.
Homens com diagnóstico de tuberculose também tinham maior probabilidade de serem HIV positivo e não terem conhecimento disso quando comparados a homens HIV negativo que não tinham visitado uma clínica de tuberculose. O mesmo aconteceu com homens não circuncidados, que apresentavam maior chance de estarem vivendo com HIV sem terem conhecimento do fato do que homens HIV negativo submetidos à circuncisão médica, assim como homens que não tinham feito o teste de HIV no ano anterior à pesquisa tinham maior probabilidade de serem HIV positivo e desconhecerem sua sorologia em comparação com homens HIV negativo que o tinham realizado.
Entre as conclusões, os pesquisadores recomendam várias intervenções para encorajar mais homens a fazerem o teste de HIV, como oferecer mais centros de testagem, inclusive unidades móveis, e criar oportunidades para os que visitam centros de saúde em razão de outras questões de saúde. Os pesquisadores também recomendam estratégias como oferecer testes de HIV a parceiros de mulheres que se apresentam em unidades de saúde para tratamento de infecções sexualmente transmissíveis e para fazer testes ou tratamento de HIV. Outras recomendações incluem oferecer aos homens autotestes de HIV e atendimentos após o horário de trabalho.
Fonte: Aids Map de 22 de novembro de 2021
Referência: JAIDS (JournalofAcquiredImmuneDeficiencySyndrom)https://journals.lww.com/jaids/Fulltext/2021/08011/Unawareness_of_HIV_Infection_Among_Men_Aged_15_59.12.aspx