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Interrupções do tratamento antirretroviral contra o HIV aumentam risco de doenças graves

Pacientes submetidos a interrupções experimentais de tratamento apresentam maior risco de desenvolver doenças graves não relacionadas ao HIV, como câncer, doença hepática ou renal, do que um grupo de controle que nunca interrompeu a terapia antirretroviral (TARV). Essa foi a conclusão de um estudo liderado por Valeria Richart, da Universidade de Barcelona, Espanha, e publicado, em agosto de 2021, na revista AIDS.

O estudo incluiu 146 pacientes que participaram de dez ensaios envolvendo essas interrupções experimentais e os comparou a um grupo semelhante de 45 pacientes que nunca tiveram uma paralisação da terapia. A idade média dos participantes era de pouco mais de 40 anos, sendo 22% mulheres. Todos já haviam sido diagnosticados com HIV há pelo menos 21 anos e iniciado a TARV cerca de dois anos após o diagnóstico.

Os dez ensaios ocorreram entre 1999 e 2018, com acompanhamento para adetecção de doenças, sendo mantido até o final de 2019. A duração das interrupções e os critérios para encerrá-las variaram. Nos primeiros ensaios, a queda na contagem de CD4 era usada como principal critério. Posteriormente, foi utilizado o aumento da carga viral acima de uma taxa específica ou a carga viral sendo detectável por um determinado número de vezes.

Trinta e oito por cento dos pacientes foram hospitalizados com uma condição não relacionada ao HIV durante o período de acompanhamento. Cinquenta e três internações no grupo ligado às interrupções e dez no grupo de controle. Essa diferença foi considerada estatisticamente significativa. O número total de eventos clínicos (alguns pacientes tiveram eventos múltiplos) foi de 85 no grupo das interrupções e 23 no de controle.

Os autores concluem que o estudo não deve ser visto como uma indicação de que os ensaios envolvendo as interrupções experimentais devam ser extintos. Eles defendem que tais interrupções precisam ser restritas a períodos curtos (no máximo 16 semanas) e que deve haver uma seleção de cuidados dos participantes e monitoramento rigoroso das cargas virais.

Fonte: site da Agência Aids, de 8 de setembro de 2021.

(https://agenciaaids.com.br/noticia/pesquisa-revela-que-interrupcao-do-tratamento-antirretroviral-aumenta-risco-de-doencas-graves/)

Link para o estudo: https://journals.lww.com/aidsonline/Abstract/9000/High_rate_of_long_term_clinical_events_after_ART.96327.aspx