2020 PrEP: tecnologia de prevenção

HPTN 083: a eficácia da PrEP com cabotegravir injetável de ação prolongada é mantida em todas as regiões e populações-chave do estudo

Em apresentação oral feita na 23ª Conferência Internacional de Aids (Aids 2020, julho, EUA), a co-pesquisadora principal do HPTN 083, Beatriz Grinsztejn, iniciou a sua apresentação, fruto de trabalho assinado por ela e pela equipe do estudo – autores descritos no link anexo -, destacando que a epidemia mundial de HIV está concentrada em populações-chave, principalmente em homens cisgêneros que fazem sexo com homens (HSH), mulheres trans e profissionais do sexo. O HPTN é um estudo financiado pela Rede de Ensaios de Prevenção ao HIV do National Institutes of Health, dos Estados Unidos, e pelas empresas Glaxo/ViiV.

A seguir, forneceu dados sobre o trabalho em pauta: estudo randomizado, controlado e duplo-cego que compara a segurança e a eficácia dos dois esquemas de PrEP – cabotegravir injetável (CAB-LA) e TDF/FTC, de uso oral – contando com a participação de 4.566 voluntários (HSH e mulheres trans que fazem sexo com homens)em 43 centros de pesquisa na América Latina (Brasil, Argentina, Peru), América do Norte (Estados Unidos), África (África do Sul) e Ásia (Tailândia e Vietnã). O estudo foi desenhado com métricas específicas para alcançar os mais vulneráveis entre os vulneráveis ao HIV – jovens, negros, travestis e mulheres trans. 

Do total de participantes, 43% eram da América Latina, 37% dos Estados Unidos, 16,5% da Ásia e 3,3% da África do Sul. Fazendo um primeiro recorte sobre os 1.698 norte-americanos pesquisados, Beatriz pontuou que a alta retenção no estudo (83,2%) em 12 meses foi similar entre negros e não-negros. Em seguida, passou a expor os dados referentes ao total dos participantes do estudo no mundo, mostrando que 71,1% tinham idade média de 26 anos. Dos participantes com menos de 30 anos, 12,8% e 7,6% apresentavam clamídia e gonorreia anais, respectivamente, com detecção no momento da visita inicial. 

Debruçando-se sobre o recorte identidade de gênero/orientação sexual, dos 4.566 pesquisados, 87,5% eram HSH e 12,4% mulheres trans (dessas, 39,4% da Ásia e 35,9% da América Latina). Do total da população trans, 17% apresentaram clamídia anal e 7,2% gonorreia anal, no momento da visita de inclusão no estudo.

Durante o acompanhamento do ensaio clínico, ocorreram 52 infecções por HIV, sendo 13 no braço do CAB LA (taxa de incidência de 0,41%) e 39 no braço do TDF/FTC (taxa de incidência de 1,22%), correspondendo a uma redução de 66% nas infecções incidentes por HIV entre os que utilizaram PrEP contendo CAB LA em comparação aos que usaram PrEP oral diária contendo TDF/FTC.

Beatriz concluiu sua apresentação tecendo algumas considerações. A primeira é que o HPTN 083 é o primeiro estudo a demonstrar eficácia de um agente de PrEP de ação prolongada injetável e que subpopulações historicamente sub-representadas em  ensaios clínicos da profilaxia foram registradas com sucesso, promovendo a inclusão e a equidade no desenvolvimento científico. Destacou, ainda, que o CAB LA forneceu altos níveis de proteção entre negros americanos, mulheres trans e jovens HSH em todo o mundo, dado consistente com os resultados gerais do estudo. 

Para acessar o material apresentado na conferência: https://1395cf30-9035-4b27-b33f-738f50602472.filesusr.com/ugd/f93c93_69f1559d0eb44f29903042cbca6ee77c.pdf