Anos anteriores PrEP: tecnologia de prevenção

Novas diretrizes da OMS propõem PrEP para todos em risco de infecção pelo HIV

POR VIVIANE NOGUEIRA COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Todas as pessoas que têm HIV deveriam ser postas imediatamente em tratamento antirretroviral e todos em risco de infecção deveriam tomar doses de drogas similares por precaução, segundo as novas diretrizes de prevenção e tratamento da Organização Mundial de Saúde divulgadas nesta quarta-feira. As novas diretrizes aumentam em nove milhões o número de pessoas que deveriam receber tratamento e em muitos milhões os que deveriam tomar as doses preventivas — diretrizes anteriores recomendavam essas doses preventivas para gays, prostitutas e pessoas com parceiros infectados.

A terapia antirretroviral padrão consiste na combinação de pelo menos três fármacos antirretrovirais para suprimir o vírus HIV e parar a progressão da Aids. “Reduções enormes foram vistas nas taxas de morte e sofrimento, quando é feito uso de um esquema antirretroviral potente, particularmente nos estágios iniciais da doença”, informa o documento da OMS.

Desde 2013, a OMS também recomenda o uso dessa terapia para a prevenção da infecção pelo HIV, particularmente para as mulheres grávidas, crianças pequenas e as principais populações expostas ao risco de HIV.

O quanto isso vai custar e como será pago ainda não foi determinado. E se isso pode ser feito em escala mundial ainda está em análise, porque a despesa é enorme, não apenas para as drogas em si, mas para os sistemas de cuidados de saúde que podem entregá-los e supervisionar a sua utilização segura.

O diretor executivo do Fundo Global para Combater a Aids, Tuberculose e Malária, Mark Dybul, disse ao “New York Times” que as duas recomendações são “importantes para nos levar mais rapidamente às metas de tratamento e prevenção”. Deborah Birx, coordenadora do programa global de Aids dos Estados Unidos e chefe do Plano de Emergência do Presidente para Alívio da Aids chamou as novas diretrizes de “transformadoras para o controle da epidemia”.

Especialistas em HIV geralmente concordam que, sem uma vacina contra o HIV no horizonte a melhor esperança é oferecer a combinação de tratamento e profilaxia, já que a estratégia de abstinência, confiança e preservativo não tem dado resultado.

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) defendem que a adoção desse novo tratamento por vários anos até agora fizeram a epidemia encolher em várias cidades que receberam dinheiro para colocá-lo em prática, incluindo São Francisco e Vancouver.

Cerca de 37 milhões de pessoas estão infectadas com o HIV, de acordo com a OMS, e cerca de 28 milhões de se qualificam para o tratamento, segundo as diretrizes anteriores.

EM OUTUBRO O MINISTÉRIO DA SAÚDE AVALIA DOSES DE PREVENÇÃO

No Brasil, desde 2013 o Ministério da Saúde distribui, através do Sistema Único de Saúde (SUS), antirretrovirais para todos os portadores de HIV. Também são distribuídos pelo SUS medicamentos para a profilaxia pós-exposição (Pep), até 72 horas após a relação sexual sem preservativo.

Já quanto à profilaxia pré-exposição (Prep), o Ministério da Saúde espera os resultados de pesquisas em andamento na Fiocruz, USP, UFMG e UFBA, para avaliar como funcionaria na prática a administração das doses de tenofovir + entricitabina (o composto que ficou mundialmente conhecido como Truvada). Em outubro, uma reunião de trabalho com pesquisadores e a comunidade pode definir que política adotar e como seria o funcionamento desse sistema no SUS.

Há três caminhos de administração do medicamento para as pessoas em exposição ao risco: tomar um comprimido quatro vezes por semana (menos que isso não há proteção); um comprimido sete vezes por semana; ou sob demanda, que seria tomar dois comprimidos até duas horas antes da relação sexual, outro comprimido 24 horas depois, e outro 48 horas depois. Esse medicamento impede a multiplicação do vírus. Mesmo que o HIV entre no organismo, não consegue se multiplicar.

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– A eficiência desses medicamentos é até maior que a da camisinha. E não existe compensação de risco, ou seja, já foi provado que a pessoa não vai deixar de usar camisinha por causa do remédio – diz o diretor do departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita. – A população sabe que a camisinha é eficaz, mas 45% da população brasileira não usa, tem que haver um plano B.

Os efeitos colaterais desses medicamentos, segundo Mesquita, são baixos: o tenofovir teria de 2% a 3% de complicações renais após cinco anos de uso e a entricitabina, poucas reações.

– É uma opção real – diz ele.

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