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Adaptação e validação de escala de estigma sobre HIV/aids entre estudantes de saúde no Brasil

O estigma relacionado ao HIV consiste em preconceitos, discriminações e atitudes negativas direcionados a pessoas que vivem com o vírus. Tal estigma pode se manifestar a partir de diversas fontes, como familiares, amigos, comunidade em geral e até por meio de formas institucionalizadas e estruturais, como no caso de profissionais de serviços de saúde.

Esse último caso é especialmente desafiador por comprometer o tratamento adequado para essas pessoas. As causas do estigma relacionado ao HIV entre profissionais de saúde têm sido associadas a fatores como conhecimento insuficiente sobre o vírus, medo de adquiri-lo por intermédio de interações com pessoas com HIV e populações-chave, ou ainda devido a conflitos com crenças religiosas.

Dentre as estratégias para enfrentar esse desafio, está a aplicação de escalas de estigma, instrumentos validados que buscam traduzir quantitativamente o impacto e a intensidade do estigma vivenciado pelas pessoas que vivem com HIV. Essas escalas ajudam a identificar dimensões específicas do estigma, como a sua internalização, a discriminação social e a preocupação com atitudes públicas.

A edição de abril de 2024 do periódico AIDS and Behavior publicou artigo sobre a tradução e adaptação para o português da escala de estigma “Health Care Provider HIV/Aids Stigma Scale”. Inicialmente elaborada para lidar com estigmas entre falantes do idioma inglês no Canadá, a escala é voltada a profissionais e estudantes de saúde. O artigo é de autoria de Paula Ribeiro, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e outros estudiosos.

O objetivo do artigo foi validar a escala entre estudantes da área de saúde no Brasil. O processo de validação ocorreu em três fases, de agosto de 2022 a julho de 2023, compreendendo as seguintes etapas: tradução e adaptação cultural; avaliação da validade do conteúdo envolvendo especialistas; e avaliação das propriedades psicométricas entre 553 estudantes da área de saúde da Ufes.

A Health Care Provider HIV/Aids Stigma Scale é composta por 30 itens distribuídos em três dimensões: discriminação (6 itens), preconceito (13 itens) estereótipos (11 itens). As pontuações totais variam de 30 a 180, a mais baixa correspondendo a baixos níveis de estigma relacionado ao HIV.

Para verificar a confiabilidade da escala, o artigo utilizou duas técnicas: a análise fatorial explanatória (que identifica os fatores por trás das respostas) e a validade convergente (que verifica se a escala está em acordo com outros testes semelhantes). A versão brasileira da escala demonstrou ser uma ferramenta eficaz e psicometricamente robusta para medir o estigma relacionado ao HIV entre estudantes da área da saúde que falam português. 

Os resultados apontam para a sua confiabilidade e capacidade de refletir com precisão diferentes aspectos do estigma. A ferramenta se mostrou simples e confiável para uso em contextos acadêmicos e de saúde, se mostrando potencialmente eficaz no enfrentamento do estigma relacionado ao HIV nesses ambientes.

Link para o artigo: https://link.springer.com/article/10.1007/s10461-024-04350-x

* Autores do artigo:

Paula Ribeiro (1), Paulo Vitori (2), Maria Clara dos Santos (2),
Yohan Mazzini (1), Genival dos Santos Junior (3), Kérilin Rocha (1), Thiago Torres (4) e Dyego Araújo (1).

(1) Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, Laboratório de Inovação em Assistência à Saúde, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, Brasil.

(2) Laboratório de Inovação em Assistência à Saúde, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, Brasil.

(3) Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, Grupo de Pesquisa em Implementação e Integração de Serviços de Farmácia Clínica no Sistema de Saúde Brasileiro, Departamento de Farmácia e Nutrição, Universidade Federal do Espírito Santo, Alegre, Brasil.

(4) Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil.