Conscientização, conhecimento e atitudes relacionadas à PrEP ao HIV e outras estratégias de prevenção entre médicos do Brasil e do México: pesquisa transversal baseada na web
Para acabar com a epidemia de HIV até 2030, a prevenção combinada ao HIV, incluindo a profilaxia pré-exposição (PrEP), deve estar amplamente disponível, especialmente para as populações mais vulneráveis. Na América Latina e no Caribe, apenas 14 dos 46 países têm acesso à PrEP. No Brasil e no México, a PrEP é fornecida gratuitamente pelo Sistema Público de Saúde desde 2017 e 2021, respectivamente. Assim, as perspectivas dos médicos HIV sobre a PrEP e outras estratégias de prevenção podem ser diferentes.
Este estudo, conduzido por Hamid Vega e outros pesquisadores do Grupo de Estudos ImPrEP* e publicado em BMC Health, em abril de 2022, teve como objetivo comparar a conscientização, o conhecimento e as atitudes relacionadas à PrEP e outras estratégias de prevenção entre médicos que prescrevem antirretrovirais no Brasil e no México.
Os participantes responderam a perguntas sobre questões sociodemográficas, experiência médica, sensibilização, conhecimento e atitudes em relação à PrEP e outras estratégias de prevenção do HIV. De janeiro a outubro de 2020, 481 médicos HIV foram incluídos: 339 (70,5%) do Brasil, 276 (57,4%) do sexo masculino, e a idade mediana foi de 43 anos. O conhecimento sobre a PrEP não diferiu entre o Brasil e o México (84,6%), enquanto o conhecimento sobre outras estratégias de prevenção, incluindo a profilaxia pós-exposição e novas tecnologias de PrEP, foi maior no Brasil.
Mais brasileiros perceberam o slogan I=I (indetectável = intransmissível) como completamente preciso em comparação com os mexicanos (74,0% vs. 62,0%). A disposição para prescrever PrEP foi de 74,2%, maior entre os brasileiros (78,2%). No geral, os participantes manifestaram preocupações sobre o acesso consistente à PrEP e o risco de resistência antirretroviral em caso de infecção aguda pelo HIV ou soroconversão. As principais barreiras relatadas foram suposições de que os usuários poderiam ter baixo conhecimento sobre PrEP (62,0%) ou capacidade limitada de adesão (59,0%). Em comparação com os brasileiros, os mexicanos relataram mais preocupações e barreiras à prescrição da PrEP, exceto pelo acesso consistente à medicação PrEP e pela falta de profissionais para prescrever a profilaxia.
Embora o conhecimento sobre a PrEP tenha sido semelhante no Brasil e no México, as diferenças no conhecimento e nas atitudes podem refletir a disponibilidade e o estágio de implementação da profilaxia nesses países. Fortalecer e aumentar a informação sobre tecnologias de PrEP e outras estratégias de prevenção do HIV entre os médicos especializados poderia melhorar o seu conforto para prescrever essas estratégias e facilitar a sua expansão na América Latina e Caribe.
Link para o artigo: https://link.springer.com/article/10.1186/s12913-022-07900-y
*Autores do artigo:
E.H. Vega-Ramirez (1), Thiago Torres (2), C. Guillen-Diaz-Barriga (1), Cristina Pimenta (3), D. Diaz-Sosa (1), R. Robles-Garcia (1), Kelika Konda (4), Alessandro Cunha (3), Brenda Hoagland (2), Marcos Benedetti (2), Daniel Bezerra (2), Beatriz Grinsztejn (2), Carlos Cáceres (4) e Valdiléa Veloso (2), do Grupo de Estudos ImPrEP
(1)Centro de Pesquisa em Saúde Mental Global, Instituto Nacional de Psiquiatria Ramon de la Fuente Muñiz, Cidade do México, México;
(2) Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil;
(3) Ministério da Saúde do Brasil, Brasília, Brasil;
(4) Centro de Investigação Interdisciplinar em Sexualidade, Aids e Sociedade, Universidade Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru.