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Dosagem intermitente na terapia dupla para o HIV leva à maior taxa de falha virológica

Estudo liderado por Roland Landman, do Hospital Bichat, em Paris, na França, comparou a terapia antirretroviral (TARV) baseada em dois medicamentos por quatro dias por semana com o tratamento a base de dois medicamentos diários. O resultado da análise aponta que as taxas de manutenção da supressão viral foram elevadas em ambos os esquemas de dosagem, mas a taxa de falha virológica foi substancialmente maior entre os que tomavam a TARV quatro dias por semana. A análise foi publicada, em 20 de outubro de 2023, no site do Aidsmap.

De junho de 2021 a janeiro de 2022, foram inscritas 433 pessoas que viviam com HIV e frequentavam dez hospitais públicos franceses. Os participantes precisavam estar indetectáveis há pelo menos um ano e não apresentar nenhum tipo de resistência aos medicamentos de seus regimes duplos.

Os voluntários foram aleatoriamente distribuídos em dois grupos: 219 pessoas no grupo de dosagem intermitente (dois medicamentos por quatro dias por semana) e 214 no grupo de dosagem diária (dois medicamentos diários).

No total, 66% dos participantes tomavam dolutegravir associado à lamivudina, 34% tomavam dolutegravir associado à rilpivirina e apenas três pessoas usavam darunavir associado à lamivudina. Características como idade, tempo do diagnóstico do HIV e tempo com carga viral indetectável foram semelhantes nos dois grupos.

Ao final do período de acompanhamento, as taxas de manutenção da supressão viral foram consideradas altas nos dois esquemas de dosagem. Contudo, o grupo de dosagem intermitente apresentou oito casos de falha virológica, em oposição a apenas dois no grupo de dosagem diária.

Sete dessas falhas ocorreram em voluntários que tomavam dolutegravir associado à lamivudina. Os pesquisadores atribuem esse fato à meia-vida (tempo em que o medicamento permanece no corpo) curta da lamivudina e a sua barreira à resistência (barreira que impede o vírus de desenvolver resistência ao medicamento) mais baixa em comparação com a rilpivirina.

O tempo para a ocorrência das falhas virológicas variou entre quatro e 36 semanas. Na maioria dos casos, apesar de detectável, a carga viral permaneceu intransmissível (abaixo de 200 cópias/ml). Entretanto, em duas pessoas essa contagem atingiu valores superiores a 1.000 cópias/ml.  

Fonte: site do Aidsmap, de 20 de outubro de 2023.

(https://www.aidsmap.com/news/oct-2023/intermittent-dosing-hiv-dual-therapy-leads-higher-rate-treatment-failure)