Mpox: pessoas com HIV e CD4 adequado não correm maior risco de hospitalização
De acordo com estudo conduzido por Ana Hoxha, da Organização Mundial da Saúde (OMS), localizada em Genebra, Suíça, e demais colaboradores*, pessoas que vivem com HIV não apresentam maior probabilidade de serem hospitalizadas em virtude da monkeypox (mpox), a não ser que sejam imunossuprimidas. A pesquisa foi apresentada na 12ª Conferência da International Aids Society sobre Ciência do HIV (IAS 2023), realizada em julho na Austrália.
De janeiro de 2022 a janeiro de 2023, o estudo analisou mais de 82 mil casos globais de mpox notificados à OMS desde o início da epidemia da doença. Desses casos, cerca de 30 mil (39%) possuíam informações sobre o status de HIV do paciente.
A maioria dos participantes eram gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens, com aproximadamente 80% relatando o sexo como via mais provável de aquisição de mpox. As pessoas com HIV tinham mais chance de ter outras infecções sexualmente transmissíveis (IST) do que os voluntários HIV negativos (5,5% contra 3,8%).
Entre os 16.633 participantes que viviam com HIV e foram diagnosticadas com mpox, quase 25% apresentavam imunossupressão. Em contraste, menos de 1% dos indivíduos HIV negativos com diagnóstico positivo da doença eram imunossuprimidos. Cinquenta e duas pessoas com HIV morreram de mpox em comparação com apenas quatro mortes de pacientes sem HIV.
Embora os indivíduos que viviam com HIV imunossuprimidos tivessem duas vezes mais chance de hospitalização em virtude da mpox, o risco para os participantes sem o vírus e que apresentavam uma contagem de CD4 adequada era semelhante aos dos voluntários HIV negativos.
Da mesma forma, os pesquisadores relataram que as pessoas com HIV sem imunossupressão e os indivíduos HIV negativos tinham “apresentações clínicas parecidas”, enquanto os participantes imunossuprimidos que viviam com HIV apresentavam manifestações de mpox mais graves. Os sintomas mais encontrados foram erupção cutânea (incluindo erupção genital) e febre.
Os autores recomendam que os países integrem prevenção, testagem e cuidados com a mpox aos programas nacionais de combate às IST e ao HIV.
*Autores:
Ana Hoxha 1, S. Kerr 2, H. Laurenson-Schafer 1, N. Sklenovská 1, P. Ndumbi Ngamala 1, BB Mirembe 1, J. Fitzer 1, V. Ndarukwa 1, I. Hammermeister Nezu 1, K. Kaasik-Aaslav 1, BJ Greene-Cramer 1, L. Alexandrova Ezerska 1, TP Metcalf 1, E. Hamblion 1, M. Doherty 1, M. Prochazka 1, AN Seale 1, R. Lewis 1, O. Le Polain de Waroux 1, BI Pavlin 1
1 Organização Mundial da Saúde, Genebra, Suíça
2 CPC Analytics, Berlim, Alemanha
Fonte: site de IAS 2023, de 25 de julho de 2023.
(https://programme.ias2023.org/Abstract/Abstract/?abstractid=3953)