PrEP, HSH e trans

Variação na distribuição espaço-temporal na adesão de HSH à PrEP na França

Desde 2016, a profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV está disponível gratuitamente na França. Artigo publicado no periódico Journal of International Aids Society, em maio de 2023, conduzido por Haoyi Wang, da Universidade de Maastricht, e outros colaboradores*, traz os principais resultados de um estudo que utilizou  o método de análise espaço-temporal Bayesiana (Bayesian spatial analysis)  para identificar, com maior precisão, regiões com populações gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) em risco de contrair HIV e que se encontram fora de programas de PrEP naquele país. 

Dados e estimativas sobre a adesão e aceitabilidade são uma parte fundamental para a eficácia de programas voltados à profilaxia. Para os autores do artigo, um dos principais desafios é saber a quantidade total de HSH na França: programas em geral se limitam a projetar nacionalmente esse número, deixando escapar as especificidades de cada região.

Nesse sentido, o trabalho teve como objetivo criar dados particularizados para as diferentes regiões da França, que foi dividida em 12 regiões metropolitanas. Como ponto de partida, a análise utilizou dados já disponíveis sobre a incidência de HIV e de adesão à PrEP no país. A seguir, foi projetado o número de HSH soronegativos e elegíveis para a profilaxia, investigando a variação na adesão de 2016 a 2021.

Para os autores, a distribuição de HSH soronegativos e elegíveis para a PrEP na França é heterogênea em termos geográficos. A região de Île-de-France foi estimada como tendo a maior densidade dessa população quando comparada a outras regiões.

Os resultados do estudo mostram que o uso da análise espacial Bayesiana como uma nova metodologia para estimar a população localizada de HSH HIV negativos é viável e aplicável. Os modelos espaço-temporais mostraram que, apesar da crescente prevalência do uso de PrEP em todas as regiões, disparidades geográficas e desigualdades de oferta e uso da profilaxia continuaram a existir ao longo do tempo. Foram identificadas regiões que se beneficiariam de maiores esforços de adaptação e entrega. Com base nos achados, políticas de saúde pública e estratégias de prevenção do HIV poderiam ser ajustadas para melhor combater as infecções  e acelerar o fim da epidemia.

Fonte: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/jia2.26089

*Autores do artigo:

Haoyi Wang (1), Jean-Michel Molina (3), Rosemary Dray-Spira (4), Axel Schmidt (5), Ford Hickson (5), David van de Vijver (2) e Kai J. Jonas (1)

(1) Departamento de Trabalho e Psicologia Social, Universidade de Maastricht,  Maastricht, Holanda

(2) Departamento de Virociência, Centro Médico Erasmus, Roterdã, Holanda

(3) Departamento de Doenças Infecciosas, Hospital Saint-Louis, Universidade da Cidade de Paris, Paris, França

(4) EPI-PHARE, Agência Nacional Francesa de Segurança de Medicamentos e Produtos de Saúde e Seguro Nacional de Saúde Francês, Saint-Denis, França

(5) Pesquisa Sigma, Escola Londres de Higiene e Medicina Tropical, Londres, Inglaterra.