Protocolo de intervenção para lidar com novos casos de Covid-19 em locais de vulnerabilidade econômica no Brasil
O fato de a Organização Mundial da Saúde haver decretado o fim da pandemia de Covid-19 em maio de 2023 não significa que o vírus tenha sido erradicado. Medidas como testagem e isolamento social para casos suspeitos ou positivos permanecem ferramentas essenciais para controlar os impactos do vírus. Além disso, o surgimento de novas possíveis variantes da Covid-19 coloca em risco a efetividade dos programas de vacinação.
Um estudo, assinado por Laio Magno, da Universidade do Estado da Bahia e outros pesquisadores* e publicado no periódico BMJ Open em junho de 2023, propôs um protocolo de intervenção para lidar com novos casos de Covid-19 em locais de vulnerabilidade socioeconômica no Brasil. A proposta consiste em implementar e expandir estratégias de testagem, isolamento, quarentena e telemonitoramento (TQT) de Covid-19 a partir dos serviços de atenção primária à saúde .
A viabilidade do protocolo, que teve início em maio de 2022, será observada a partir da aplicação do TQT em duas regiões brasileiras – no distrito sanitário de Cabula-Beiru, em Salvador, e no bairro de Manguinhos, no Rio de Janeiro. São elegíveis para o estudo indivíduos com 12 anos ou mais que apresentam sintomas associados à Covid-19 ou tiveram contato com casos confirmados de infecção pelo vírus.
A estratégia do TQT propõe o treinamento e suporte técnico aos profissionais de saúde, além da criação de estratégias para divulgação de medidas de prevenção. A viabilidade da intervenção será avaliada pelo estudo a partir de questionários distribuídos a indivíduos atendidos pelo programa ao apresentarem casos suspeitos de Covid-19 e pela coleta de dados clínicos daqueles que testarem positivo e forem acompanhados pelo programa.
Em um país com profundas desigualdades como o Brasil, doenças como a Covid-19 afetam de maneira desigual a população. Medidas como o TQT permitem atenuar tais desigualdades, assim como evitar subnotificações.
* Autores do artigo:
Laio Magno (1,2), Thais Aranha (1,2), Débora Castanheira (3), Thiago Torres (3), Carina Santos (4), Fabiane Soares (2), Valdiléa Veloso (3), Marcos Benedetti (3) e Inês Dourado (2).
(1) Departamento de Ciências da Vida, Universidade do Estado da Bahia, Salvador, Brasil
(2) Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil
(3) Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil
(4) Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil