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Estratégias de prevenção ao HIV entre minorias sexuais e de gênero na Índia

Pessoas pertencentes a minorias sexuais e de gênero que usam smartphones para procurar por parceiros sexuais na Índia tendem a ser mais vulneráveis à aquisição do HIV por estarem fora das intervenções do governo local focadas em pontos físicos. Essa é uma das conclusões de estudo conduzido por Harsh Agarwal, da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill (EUA), Thiago Torres, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz (Brasil), e outros colaboradores*.

O trabalho analisou a cobertura de estratégias contemporâneas de prevenção ao vírus, como a profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV e a percepção de conceito de indetectável = intransmissível (I = I), para identificar lacunas e oportunidades nos espaços de prevenção on-line no país. A análise foi apresentada em forma de pôster na 23ª Conferência da International AIDS Society sobre Ciência do HIV (IAS 2023), realizada de 23 a 26 de julho, em Brisbane, na Austrália.

De março a abril de 2022, o estudo transversal, conduzido de forma on-line com usuários do aplicativo Grindr em 33 estados e territórios da Índia, totalizou a participação de 3.126 pessoas, maiores de 18 anos, atribuídas ao sexo masculino no nascimento, que relataram praticar sexo com outros homens. Associações com a percepção de I = I e uso de PrEP foram estimadas por meio de taxas de probabilidade de prevalência ajustadas.

A idade média dos participantes foi de 28 anos, com a maioria (70,6%) proveniente de áreas urbanas e 82,5% se autoidentificando como homens, enquanto o restante se identificava como mulher trans, hijra, kinner e outras identidades. A prevalência de HIV na amostra foi de 3,1%.

Sete por cento dos indivíduos relataram a utilização de PrEP, o que foi associado a questões como ter renda mais alta, responder à pesquisa no idioma inglês, estar solteiro e usar drogas recreativas. Após receberam a definição correta de I = I, 25% a consideraram totalmente precisa, o que foi associado ao conhecimento do status de HIV, conhecer ou utilizar a PrEP, utilizar drogas recreativas e participar de eventos LGBTI+.

Para os autores, as minorias sexuais e de gênero que utilizam smartphones para encontrar parceiros sexuais na Índia possuem pouco conhecimento das estratégias contemporâneas de proteção do HIV. Recomendam a inclusão de PrEP e do conceito de I = I em intervenções programáticas, bem como a adoção de ações digitais inovadoras que possam reduzir o estigma e promover a prevenção ao vírus.

*Autores:

Harsh Agarwal (1), Thiago Torres (2), Susan Chung (1), Karin Yeatts (1) e Jack Harrison-Quintana (3)

(1)Universidade da Carolina do Norte, Chapel Hill, EUA 

(2)Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil

(3)Grindr, West Hollywood, Estados Unidos